Associação justifica restrições ao desfile com pandemia
25 Abril
21 de abr. de 2021, 11:25
— Lusa/AO Online
"Inesperadamente,
fomos surpreendidos por uma tomada de posição pública do partido
político Iniciativa Liberal (IL), em que, no seguimento de vários
contactos com a Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de
Abril, em Lisboa (CPCP 25 de Abril) acusa a Associação 25 de Abril de
uma tentativa de limitar a liberdade política em Portugal", lê-se num
comunicado enviado as redações.A
associação liderada pelo coronel Vasco Lourenço, que é uma das entidades
que constitui a comissão promotora do desfile (que em 2020 não se
realizou por causa do contexto sanitário causado pelo novo coronavírus),
salienta que "na sua existência de 38 anos, sempre pugnou por um
posicionamento de verdade e não de jogadas politiqueiras, mais ou menos
demagógicas, mais ou menos sujas, próprias de outras organizações". "Para
nós, os objetivos não justificam todos os meios, daí que não possamos
deixar passar em claro esta desinformação, de que resulta um inaceitável
insulto à nossa dignidade", frisa também. Na
nota enviada à imprensa, a Associação 25 de Abril explica que a
comissão promotora das comemorações decidiu que a data seria comemorada
com um desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa, mas "desde logo ficou
assumida, face aos enormes condicionamentos sanitários, a não
possibilidade da realização de uma manifestação popular, como é habitual
de há muitos anos a esta parte". "Contrariamente
ao habitual e contra os desejos de toda a comissão promotora, teve de
se optar por restringir a participação no desfile aos componentes desta
comissão promotora", assinala o presidente da Associação 25 de Abril,
que assina a nota.Vasco Lourenço explica
que "esta decisão levou à não aceitação de integração no referido
desfile de organizações de vária natureza, onde se incluem os partidos
políticos IL e Volt, independentemente de anteriores participações na
manifestação ou de, pela sua recente formação, estarem pela primeira vez
a pretender participar neste ato comemorativo, que este ano assume
contornos diferentes e especiais". O
militar de Abril indica que "a todos foram comunicadas e explicadas as
razões desta situação, incentivando a que procurassem encontrar outras
formas de comemorar o 25 de Abril, em perfeita e total ligação com as
entidades sanitárias e policiais competentes", argumentando que, "para
ser possível seguindo as regras impostas pelas entidades responsáveis", o
desfile "teve de ser limitado aos que o organizam"."Fomos
agora surpreendidos pela acusação de tentarmos limitar a liberdade
política em Portugal. O nosso passado, enquanto representantes dos
principais responsáveis pela recuperação da Liberdade e pela implantação
e consolidação da democracia em Portugal, permite-nos não reconhecer a
ninguém - e muito menos a um recém-partido político - o direito de nos
fazer acusações como aquelas de que, lamentavelmente, acabámos de ser
alvo", lamenta Vasco Lourenço. Sublinhando
que a posição da associação é que "todos os portugueses, individual ou
coletivamente, têm o direito de evocar e comemorar o 25 de Abril e a
liberdade", o presidente defende igualmente que "todos têm de respeitar
as leis e as normas vigentes no país" decorrentes da pandemia de Covid-19.A Associação 25 de Abril apela
ainda a "todos a que às 18 horas do dia 25 cantem, onde quer que
estejam, a Grândola Vila Morena e o Hino Nacional, como demonstração da
vontade de continuar a construir uma sociedade cada vez mais alicerçada
nos valores de Abril" e espera que para o ano seja possível comemorar
"todos juntos os 48 anos do 25 de Abril com mais liberdade e em festa".Na
terça-feira, a IL acusou a comissão promotora do desfile do 25 de Abril
de tentar impedir o partido de participar nas comemorações, e hoje o
Volt revelou que lhe foi negada participação no desfile, uma decisão que
contesta.O Volt indicou que vai desafiar
esta decisão estando presente no local e a IL pretende organizar o seu
próprio desfile no mesmo dia e local.