Associação junta em almoço de Natal em Ponta Delgada 150 pessoas em situação de exclusão social
19 de dez. de 2017, 09:25
— Lusa/AO Online
“São pessoas que
muitas vezes têm problemas familiares desde a infância. Não tiveram uma
família que atendesse a todas as suas necessidades, principalmente
afetivas, e depois têm problemas de personalidade e falta de
competências para uma vida normal”, afirmou à agência Lusa o presidente
da Associação com base em Ponta Delgada, Paulo Fontes.Segundo
o responsável, a Novo Dia dispõe de dois centros de acolhimento - um
para homens e outro para mulheres - e uma residência mista, apoiando
cerca de 100 utentes, pessoas sem abrigo, ex-reclusos,
ex-toxicodependentes e deportados dos Estados Unidos da América (EUA) e
Canadá que chegam aos Açores."O
almoço, na sede dos escuteiros [de Ponta Delgada], tem a
particularidade de ser confecionado pelos funcionários da associação,
com o apoio de uma padaria, já que a ajuda financeira disponibilizada
habitualmente por empresas para este evento de Natal foi este ano
inferior ao orçamentado", explicou.Paulo
Fontes salientou que o convívio, mais do que proporcionar uma refeição,
é "uma forma de dar algum alento" nesta época a pessoas que se
continuam a debater com "graves problemas de inserção social, devido a
dificuldades que já veem desde a infância".“Temos
que pensar em estratégias que deem sentido nesta quadra a quem não se
enquadra no padrão normal de uma família tradicional, quer seja por
opção, quer seja por 'handicap' [menor capacidade de inserção] social”,
frisou.O
responsável alertou para o aumento do número de utentes com casos de
"toxicodependência, ex-reclusos e ainda jovens com um percurso de
institucionalização e sem apoio de retaguarda da família"."Temos
menos utentes que foram deportados dos EUA, mas mais ex-reclusos e
muitos jovens que já foram institucionalizados, desde a infância, e
chegam à idade adulta com um processo de inclusão que não correu bem e
temos que apoiá-los", disse, alertando para a existência de "muitos
casos de jovens com mais problemas psiquiátricos" também em virtude do
"consumo de drogas".Paulo
Fontes destacou que em muitas situações "é possível voltar a
estabelecer" os laços afetivos à família, mas noutras situações "há uma
rutura e falta de apoio familiar".O
responsável da Novo Dia adiantou ainda que a associação tem estado a
desenvolver uma ação de rua junto dos sem-abrigo em Ponta Delgada, ilha
de São Miguel, para que até ao Natal ninguém passe a quadra na rua,
acrescentando que atualmente só uma ou duas pessoas é que ainda se
encontram a dormir na cidade.