Associação dos Municípios do Vinho quer combater êxodo rural com vitivinicultura
8 de abr. de 2024, 17:49
— Lusa/AO Online
“Nós
acreditamos que através da cultura do vinho, que é algo endógeno aos
nossos territórios, e através do enoturismo temos a possibilidade de
inverter [o êxodo rural], de acrescentar valor a esses territórios, de
criar condições para reter quem está nesses meios rurais e inclusive de
atrairmos pessoas”, afirmou, em declarações à Lusa, o presidente da
AMPV, Luís Encarnação.O responsável
falava, na Praia da Vitória, na ilha Terceira, à margem da sessão de
abertura da conferência europeia "Desafios e Potencialidades dos
Territórios Rurais", organizada no âmbito do projeto In Rural Connect.Até
sábado, cerca de quatro dezenas de participantes de Portugal, Espanha,
França, Itália e Grécia vão debater as potencialidades e desafios dos
territórios rurais, no contexto da promoção e valorização da sua oferta
enoturística, passando pelas ilhas Terceira, Faial, Pico e São Jorge.O
presidente da AMPV reconheceu que atrair novos produtores para a
cultura da vinha é um desafio, mas disse acreditar que a vitivinicultura
e o enoturismo têm potencial em Portugal.“Quando
juntamos o vinho e a gastronomia, um alojamento de grande qualidade, a
segurança e a tranquilidade dos nossos territórios, e quando somos
capazes de juntar a tudo isso as experiências que nos nossos
territórios, sobretudo nos espaços rurais, é possível proporcionar,
temos as condições para podermos contribuir para desenvolver esses
territórios”, apontou.Segundo Luís Encarnação, os Açores são um exemplo que “se pode replicar noutros territórios”.“Achamos
que é um território de uma beleza fantástica, no meio do oceano
Atlântico, que produz, desde há muitos anos, vinho de grande qualidade,
que está em grande expansão. O turismo também está em grande
desenvolvimento”, frisou.O vice-presidente
do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, sublinhou que área de vinha
reestruturada na região quadruplicou e que o número de marcas
comerciais nesta área nas ilhas do Pico, Terceira, Graciosa e Santa
Maria aumentou de 35 para 70, entre 2020 e 2023.“Estes
são resultados que nos animam e que robustecem as nossas zonas rurais
no que à vinha diz respeito, exigindo, no entanto, a continuação de um
trabalho de proximidade e de acompanhamento para tornar ainda mais
sustentável este setor”, apontou.Artur
Lima lembrou que os Açores perderam 10.300 habitantes entre 2011 e 2021,
defendendo a necessidade de fixar população no meio rural.“O
desenvolvimento presente e futuro dos Açores não pode desperdiçar o
potencial económico que as suas zonas rurais apresentam. Estes espaços
de desenvolvimento são igualmente parceiros no ordenamento do
território, na conservação da paisagem, na criação de emprego e na
fixação de população”, vincou.A presidente
da Câmara Municipal da Praia da Vitória, concelho onde se situa a zona
demarcada dos Biscoitos, defendeu que a ilha Terceira não tem “dimensão
para uma produção massiva” de vinho, mas deve apostar na “valorização da
singularidade” do seu produto.Vânia
Ferreira considerou essencial que as entidades públicas “continuem a
garantir os devidos apoios para que esta cultura continue a
consolidar-se como um setor produtivo”, com contributos para a oferta
turística.Já a vereadora Fátima Amorim, do
outro concelho da ilha Terceira, Angra do Heroísmo, alegou que é
“fundamental que haja investimentos em infraestruturas, capacitação
profissional e promoção turística para aproveitar todo o potencial
destes territórios rurais”.“Valorizando e
apoiando a viticultura, a gastronomia e o enoturismo, podemos
impulsionar o seu desenvolvimento e contribuir para a criação de
emprego, para o rendimento das comunidades locais e para a afirmação dos
Açores no panorama nacional e internacional”, salientou.