Associação de Táxis pede revisão das regras de acesso à profissão
6 de fev. de 2023, 10:21
— Paula Gouveia
A Associação de Táxis de Ponta Delgada considera que é excessiva a
limitação do acesso à profissão de taxista a quem possua o 12.º ano, e
pede a revisão das regras de modo a que o mínimo de escolaridade exigida
seja o 9.º ano. António Feleja, da direção da Associação de Táxis
de Ponta Delgada, explica que “esta regra de que se tem de ter o 12.º
ano para aceder à profissão de taxista está a prejudicar o acesso à
atividade” e “o setor do táxi é um setor que está com necessidade de mão
de obra”.“Eu tenho o sexto ano de escolaridade e tenho todas as
condições e todas as capacidades para exercer esta profissão. Como é que
um jovem com 9.º, 10.º ou 11.º ano não tem capacidade para exercer essa
atividade? Isto é uma injustiça!”, salienta o representante dos
taxistas.Para António Feleja, “quem tem o 12.º ano prefere ir para a
universidade ou ter outro tipo de vida; e, por outro lado, quem não tem
o 12.º ano tem certas portas fechadas”, quando “estes jovens têm todas
as condições para exercerem a atividade - muitos sabem falar inglês
corretamente, sabem ler, escrever e fazer contas”, sublinha, lamentando
que, “por uma questão burocrática”, estejam impedidos de o fazer”.
“Conseguem ter carta de condução, mas não conseguem ter a carteira
profissional. Isso é uma injustiça” e “só prejudica o setor”, critica.Uma
injustiça que na sua opinião se agudiza quando a Assembleia Regional,
na regulação da atividade de “Uber”, determinou que não é necessária a
escolaridade obrigatória. “Para uma área não é preciso e para o táxi é
preciso! É isso que eu não entendo”.Há ainda um outro aspeto que não
ajuda no acesso à profissão: a formação para obtenção da carteira
profissional tem um custo de 600 euros. António Feleja lembra que houve
uma altura em que, através de fundos comunitários, o governo regional
apoiava, mas agora isso já não acontece, e a associação gostaria que se
recuperasse essa ajuda, nem que fosse de metade do valor.António
Feleja sublinha que a “mão-de-obra escasseia” e “isso está-nos a
prejudicar”. “Há quem tenha a carteira profissional, mas abandonou a
atividade na altura da Covid e já não quer regressar”, e “depois temos
pessoas com uma certa idade, que daqui a dois ou três anos vão abandonar
a atividade”. Nessa altura, “quem é que vai vir para esta atividade?”,
questiona. “O táxi é muito importante no dia a dia das pessoas”,
lembra o dirigente da associação que representa 105 taxistas de Ponta
Delgada.