Associação de chefes da guarda prisional alerta para gravidade da situação no setor
25 de out. de 2023, 14:43
— Lusa
Em
comunicado, em que critica a inação e as promessas por cumprir do
governo, a ASCCGP refere que, "por força do crónico défice de mais de
1.000 guardas prisionais, a maioria dos estabelecimentos prisionais
apenas mantém serviços mínimos, com recurso a guardas de folga e em
trabalho suplementar".A associação adianta
que o último ato para rejuvenescer e reforçar o corpo da guarda
prisional foi em 2021 com a abertura de 150 vagas em que, se "correr
bem", 104 guardas prisionais tomarão posse em janeiro de 2024.Esta
situação persiste, diz a ASCCGP, numa altura em que, em contraste, a
PSP abre concurso para 500 novos agentes e o Ministério da Administração
Interna apresenta concurso público para aquisição de 789 viaturas no
valor de 34 milhões de euros.A ASCCGP alega que o "Orçamento de Estado para 2024 nem uma referência (faz) ao corpo da guarda prisional".Contrariando
a afirmação do comentador televisivo e antigo presidente do PSD Luís
Marques Mendes de que a classe médica é a única que é obrigada por lei a
fazer 150 horas por ano em trabalho suplementar, a ASCCGP aponta ainda
que os guardas prisionais, devido à singularidade do seu trabalho
"permanente e obrigatório, realizam em média 30 horas mensais de
trabalho suplementar, o que perfaz 330 horas suplementares anuais.Quanto
à carreira, a associação diz esperar a anunciada alteração pelo governo
do sistema de avaliação que "iria reparar e repor a justiça no corpo da
guarda prisional" e que estaria "publicada até final de 2023 e entraria
em vigor em 2024".A ASCCGP manifestou-se
ainda surpreendida pelo facto de a ministra da Justiça ter garantido que
a construção do novo estabelecimento prisional de Ponta Delgada,
Açores, terá início em 2027, após "anúncio semelhante, sobre o mesmo
acontecimento", feito pela sua antecessora em abril de 2017 com a
celebração de um protocolo entre o Ministério da Justiça e o Governo
Regional dos Açores para o mesmo efeito.A
ASCCGP critica igualmente que tudo o que constitui situações "anómalas"
no setor seja "desvalorizado e relativizado", em prol da "manutenção de
um sistema decrépito, disfuncional e desumano" em que os guardas
prisionais "dão o seu melhor, sem o devido reconhecimento"."Avizinha-se
o descalabro embora existam responsáveis que consideram que os indícios
alarmantes, indesejáveis e perigosos de falhas sistémicas" no sistema
prisional são "complicaçõeszitas", diz a ASCCGP.