Associação das agências de viagens não acredita no projeto Click2portugal da AHP
23 de nov. de 2018, 10:09
— Lusa/AO Online
Em
outubro, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) lançou a plataforma
de reservas de hotéis ‘online’ Click2Portugal.com, aberta a todas as
unidades hoteleiras, para além dos 700 associados da AHP. O
Click2Portugal é um projeto desenvolvido pela AHP que visa a
capacitação dos hotéis para o digital, possibilitando fazer reservas com
a vantagem da as fazer de forma direta, e foi cofinanciado pelo Compete
2020, Portugal 2020 e Feder, com um investimento de um milhão de euros.
No seu
discurso de abertura do 44.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa
das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), em Ponta Delgada, Açores,
Pedro Costa Ferreira garantiu que as agências de viagens não estão
ofendidas com este lançamento pela AHP, nem tão pouco foram
surpreendidos, mas que não conseguem acreditar no projeto. "Em
primeiro lugar, não estamos ofendidos. Não acreditamos em liberdade
económica só quando ela nos beneficia. A AHP, e os hotéis, têm todo o
direito de desenvolverem os projetos em que acreditam, envolvam eles, ou
não, agências de viagens [...]. Em segundo lugar, não fomos
surpreendidos. Como já tive oportunidade de referir, estamos bem cientes
de que a concorrência se desenvolve de forma muito mais relevante ao
longo da cadeia de valor, do que entre o nosso próprio setor", disse
Pedro Costa Ferreira. "E
em terceiro lugar, e digo-o aqui e agora, exatamente para não ter o
comportamento abutre que critiquei, mas para que as minhas ideias possam
ser escrutinadas, não conseguimos acreditar no projeto", sublinhou o
presidente da APAVT perante uma plateia de empresários e gestores de
todos os setores do Turismo.O
presidente da APAVT admite que foi exatamente no congresso de há um ano
que se concluiu que a tecnologia é imprescindível à rentabilidade, mas,
"porém, não qualquer tecnologia"."Projetos
que nascem para competir na área do mercado global, com custos de
tecnologia e visibilidade simplesmente impensáveis para o mercado
português, e margens absolutamente esmagadas, são projetos que tendem a
não sair da casa de partida. A tecnologia ficará obsoleta rapidamente, a
visibilidade mínima nunca será atingida"."Há
projetos que podem ser ajudados pelos fundos europeus. E há projetos
que, aparentemente, apenas são desenvolvidos, porque há fundos europeus.
Na ótica da APAVT, estes últimos nunca deveriam conhecer a luz do dia,
não beneficiam o setor nem quem os desenvolve", sublinhou.O
congresso da APAVT, que hoje começa, reúne mais de 600 pessoas para
discutir "Turismo em Portugal: Os desafios do Crescimento".