Associação Amigos dos Açores quer projeto de incineração de resíduos reavaliado

O presidente da associação ecológica Amigos dos Açores defendeu hoje a reavaliação do projeto da incineração de resíduos sólidos urbanos na ilha de São Miguel, da responsabilidade da associação de municípios, cujos novos órgãos vão ser eleitos em breve.


Autor: Lusa/AO Online


“Os Amigos dos Açores aguardam com expectativa a constituição dos novos órgãos sociais da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel, solicitando aos seus responsáveis políticos a reavaliação do projeto da construção da incineradora, tendo em conta a escala regional e o respetivo dimensionamento, bem como as metas europeias da prevenção e gestão de resíduos”, declarou Diogo Caetano, citado numa nota de imprensa.

O dirigente considera que pode haver “uma eventual mudança na representatividade” na associação municípios que, “segundo um dos autarcas, deveria levar à reavaliação de todo o processo do tratamento de resíduos na ilha de São Miguel”.

Na sequência das eleições autárquicas de 01 de outubro, o PS deixou de ter a maioria das câmaras municipais na ilha de São Miguel, detendo agora o mesmo número de autarquias do que o PSD.

Desconhece-se ainda qual o modelo que vai ser adotado para decidir quem irá dirigir a associação de municípios.

O responsável quer ainda um “estudo de alternativas à incineração de resíduos sólidos urbanos, seguindo a hierarquia de resíduos e a aplicação dos conceitos da economia circular e do ‘Lixo Zero’”, a par da “promoção de efetiva participação pública nos diversos processos de decisão”.

“Em variadas oportunidades, os Amigos dos Açores pronunciaram-se acerca deste investimento, que foi decidido sem consideração efetiva de alternativas, sem adequação à escala regional e as metas europeias da gestão e prevenção de resíduos, com inegáveis riscos para o ambiente e para a saúde pública, bem como elevados encargos económicos para o médio e longo prazo”, referiu Diogo Caetano.

Segundo o representante, gerou-se na ilha de São Miguel um “vasto movimento social, sem precedentes nas últimas duas décadas no que toca a questões ambientais, ao ponto de não ter sido recolhida qualquer opinião pública favorável ao projeto, para além daquela que estaria já comprometida do ponto de vista técnico, político e/ou económico”.

Diogo Caetano disse que a Associação de Municípios da Ilha de São Miguel, “com o consentimento” do Governo Regional dos Açores, “não atendeu às solicitações da sociedade”, acrescentando que a exploração da incineradora ao longo do seu ciclo de vida “vai ser muito mais onerosa do que a comparticipação disponibilizada pelo programa de investimento”.