Associação Amigos da Serra da Estrela defende medidas que evitem erosão dos solos
Incêndios
12 de set. de 2022, 13:11
— Lusa/AO Online
O presidente da ASE, José
Maria Saraiva, disse hoje à agência Lusa que, neste momento, a urgência
na intervenção devia estar relacionada com o derrube de arbustos e de
árvores para que possam constituir “um emaranhado de obstáculos à
escorrência das águas e lixiviação das encostas”.A
ASE referiu que “a erosão e a urgência em proteger os solos, evitando a
sua lixiviação, entrou no discurso e na prática das entidades que têm
responsabilidades na gestão do território da serra da Estrela”.“As
entidades mobilizaram-se e, algumas equipas de sapadores dos Baldios,
estão no terreno a semear centeio nas linhas de cabeceira, numa
tentativa de evitar que as primeiras chuvas que se avizinham não
provoquem maiores danos, arrastando as terras que muita falta fazem para
suportar as plantas”, acrescentou.No
entanto, para a associação, “importa agora, e em simultâneo com a
sementeira, que os arbustos e árvores queimadas, situados em zonas de
acentuado declive e com riscos diversos, onde a sua retirada iria criar
mais danos do que evitá-los, sejam derrubados e possam passar a
constituir um emaranhado de obstáculos à escorrência das águas e
lixiviação das encostas”.O presidente da
ASE referiu à Lusa que “o trabalho primeiro devia ser o derrubar os
arbustos e as árvores e, de seguida, [efetuar] a sementeira”.“Está
feita a sementeira, muito bem, é um trabalho mais fácil, que é pegar
nas sementes e espalhá-las de forma tradicional. Não vemos qualquer mal
nisso, pelo contrário. Agora, estamos sujeitos também a que, se as
chuvas vierem com muita violência, a própria sementeira seja arrastada
pelas águas das chuvas. Espero que isso não aconteça, que a precipitação
não seja tão grave como aquilo que se possa ajuizar”, afirmou, aludindo
às previsões de chuva forte para os próximos dias.Na
opinião deste dirigente associativo, caso o trabalho de derrube de
árvores e de arbustos já estivesse feito, os riscos de perder o centeio e
os solos “eram diminutos”.José Maria
Saraiva adiantou que os Baldios de São Pedro, no concelho de Manteigas, e
de Verdelhos, no município da Covilhã, já estão a fazer as sementeiras,
e, agora, “importava que o outro [trabalho] avançasse, principalmente
no topo das linhas de cabeceira”.O
responsável explicou que a operação de corte de árvores e de arbustos
ardidos e a sua colocação no solo para evitar a erosão deve ser
orientado pelas entidades competentes, mas, para além dos profissionais
na área, disse entender que o mesmo pode ser executado por “qualquer
pessoa que possa deitar uma árvore abaixo”.A
concluir, o presidente da ASE lembrou que nas encostas atingidas pelo
fogo estão as árvores e os arbustos que é preciso derrubar e entrelaçar,
“no fundo, criar uma teia, com essa madeira”, evitando que as águas das
chuvas arrastem os solos.A serra da
Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 de agosto em
Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi
dado como dominado no dia 13.O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 do mesmo mês, à noite.As
chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de
Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o
concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.No
dia 25, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o
PNSE, afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos
territórios atingidos.A situação de
calamidade foi já publicada em Diário da República e vai vigorar pelo
período de um ano, para “efeitos de reposição da normalidade na
respetiva área geográfica”.