Associação ambientalista saúda taxa sobre sacos de plástico ultraleves em vez de proibição
31 de mai. de 2023, 12:26
— Lusa/AO Online
O Jornal
de Notícias avança na edição desta quarta-feira que os sacos de plásticos
ultraleves (transparentes) para pão, fruta e legumes, que deveriam ser
proibidos a partir de quinta-feira, vão passar a ser pagos em
supermercados, frutarias e outros estabelecimentos.Susana
Fonseca, vice-presidente da Zero, disse à Lusa que “há muito tempo” que
a associação defendia que esta é a solução “ideal”.“Sempre
defendemos muito mais esta lógica de taxação das opções descartáveis
e estimular depois a reutilização do que propriamente estar a
substituir um material por outro, porque as alternativas, nomeadamente
os sacos compostáveis ou biodegradáveis, continuam a colocar imensas
dificuldades ao sistema”, afirmou, lembrando que Portugal ainda não tem
um sistema de recolha de biorresíduos para compostagem, pelo que o
eventual potencial dos materiais compostáveis não será aproveitado e
acabará em aterro.Susana Fonseca lembrou
que os consumidores já têm o direito de levar os seus próprios
recipientes e sacos e, como tal, “o taxar das diferentes soluções
descartáveis acaba por ser uma forma de dar esse sinal, como foi dado
para os sacos de caixa nos supermercados e noutras lojas” que começaram a
ser cobrados em 2015.“A gratuitidade
acaba muitas vezes por levar a um uso mais descuidado dos recursos que
estão à disposição. A taxa acaba por ser um elemento de moderação e de
chamada de atenção para a necessidade de usarmos estes recursos com mais
parcimónia e com mais cuidado”, sustentou.Susana
Fonseca ressalvou que “tudo isto ainda requer uma leitura da legislação
final”, que ainda não é conhecida, e advertiu que "o Governo está
sempre a tomar estas decisões em cima da hora”, o que disse ser
“extremamente preocupante” e “demonstra falta de planeamento”.“Estamos
a falar de uma legislação que vem da Assembleia da República e que,
portanto, deveria merecer todo o respeito por parte do Governo em termos
de cumprimento. Se havia propostas de alteração, então haveria que
propô-las atempadamente para que também o próprio mercado estivesse
preparado e não se criasse esta sensação de vamos ver se é para cumprir
ou não, e isso é extremamente negativo do nosso ponto de vista”,
sustentou.A Zero alerta para a necessidade
de garantir que na proposta final esta lógica de pagamento por todos os
sacos ou recipientes de uso único usados para acondicionar frutas,
produtos hortícolas e de panificação, independentemente do material em
que são fabricados, se mantém, garantindo igualdade de circunstâncias
para todos os materiais.Questionado pelo
Jornal de Notícias, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática
adiantou que o Governo "está, neste momento, a ultimar o diploma que
prevê a alteração desta norma”, não adiantando quando entrará em vigor a
cobrança. O processo legislativo está a
decorrer e a tutela não adiantou mais detalhes, nem qual o valor que
será cobrado, sendo que os retalhistas precisarão de algum tempo para a
implementar.O pagamento pelos sacos de
plástico começou em 2015, incidindo nessa altura nos leves, seguindo as
orientações da União Europeia, que pretendia alterar comportamentos e
reduzir o plástico descartável.A
contribuição no primeiro ano foi ligeiramente superior a um milhão de
euros e depois foi descendo gradualmente. Nos últimos anos, porém,
voltou a subir, algo que poderá ter ligação com o 'takeaway'. Em 2021, o
valor foi de 439 mil euros, segundo o jornal.