Associação acusa Instituto do Sangue de discriminar homossexuais
A associação CASA - Centro Avançado de Sexualidade e Afetos acusou esta quarta-feira o Instituto Português do Sangue de discriminar potenciais dadores em função da sua orientação sexual, recusando doações de quem assume ter tido comportamentos homossexuais.

Autor: Lusa/AO online

Segundo a associação, pelo menos três estudantes universitários do sexo masculino viram recusada a sua doação de sangue ao responderem afirmativamente à pergunta, feita verbalmente, sobre se já tinham tido comportamentos homossexuais.

“O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) está mais uma vez a violar gravemente a resolução da Assembleia da República que recomenda a adoção de medidas que visem combater a discriminação dos homossexuais nos serviços de recolha de sangue”, afirmou à agência Lusa o presidente da Associação CASA, Manuel Damas.

Em causa está uma iniciativa de recolha promovida pelo IPST no Instituto Superior Técnico, que decorre desde segunda-feira e se prolonga até sexta.

“Há uma estratégia assumida de discriminação não oficializada, não escrita, não palpável”, lamenta Manuel Damas, sublinhando que as questões são colocadas verbalmente, sem recurso a questionário escrito.

Acresce, segundo o dirigente da CASA, que a questão sobre o comportamento homossexual tem sido apenas dirigido aos jovens do sexo masculino, o que, além de "homofóbico", configura uma "discriminação de género".

“Esta questão é perfeitamente ilícita. O que deveria ser perguntado é se teve relações sexuais desprotegidas, independentemente do sexo e da orientação sexual”, declara o dirigente e médico Manuel Damas.

O responsável vinca que “não há qualquer fundamentação clínica ou científica” para discriminar os eventuais dadores com base na orientação sexual.

A CASA lembra que a própria Assembleia da República aprovou uma recomendação ao Ministério da Saúde para que as perguntas relativas à orientação sexual fossem retiradas dos questionários aos potenciais dadores de sangue.

A agência Lusa contactou o IPST para obter um comentário, mas fonte oficial da instituição remeteu esclarecimentos para um comunicado que deverá ser emitido ainda hoje.