Assembleia Regional “entrou no epicentro da política açoriana”
Açores/Eleições
27 de out. de 2020, 16:19
— Lusa/AO Online
“O
parlamento dos Açores saiu da escuridão da noite e entrou no epicentro
da política açoriana, de onde nunca devia ter saído. A plural
representação dos cidadãos enriquece a vontade coletiva e alinha-se com
os novos modelos de governo ancorados na concertação”, afirmou Elias
Pereira à agência Lusa.Elias Pereira é
advogado de profissão, comentador político em vários órgãos de
comunicação social regionais e também membro do Conselho Superior de
Magistratura.Para o comentador, o
resultado das eleições regionais do passado domingo não significa “um
período de instabilidade política”, porque o “povo tem sempre razão”.No
seu entender, uma das conclusões dos últimos resultados eleitorais é
que os “ciclos políticos muito longos causam profunda erosão” e levam a
que o “pragmatismo impere” perante “a derrogação de princípios”
ideológicos e partidários.Para a perda da
maioria absoluta do PS, que a detinha desde 2000, Elias Pereira destacou
os “problemas conjunturais agravados com a pandemia” e a questão
financeira da transportadora área regional SATA, bem como outros
“problemas estruturais” da região.“Os
problemas estruturais não resolvidos da educação e cultura e mesmo da
saúde, aliados a uma pobreza originaram um grande descontentamento na
população, porventura, com maior incidência nos jovens”, acrescentou.Sobre
os cenários pós-eleitorais, Elias Pereira salientou que a vontade do
eleitorado “está dividida com ligeira tendência da direita, o que poderá
originar uma geringonça invertida da existente”, afirmou.“Não
me parece que partidos como PPM ou CDS tenham espaço político para
virarem à esquerda, sob pena de serem engolidos em próximo ato
eleitoral. Até pelo próprio Chega e pela Iniciativa Liberal, não
vislumbro que, depois do dito [durante a campanha], tenham hipótese de
virar naquele sentido", defendeu.O
comentador prevê dificuldades para o PS conseguir um “acordo para formar
governo”, pois “resta-lhe o Bloco de Esquerda e a incógnita do PAN”:
“aguarda-se um período interessante”, previu.Nas
eleições regionais do passado domingo, a taxa de abstenção foi de
54,6%, inferior à registada em 2016 (59,2%), um valor que o analista
considera ainda “muito elevado” e que “exige medidas imediatas”.Nas
eleições regionais de domingo, o PS perdeu a maioria absoluta nos
Açores, só tendo conseguido eleger 25 deputados do total de 57
parlamentares da Assembleia Legislativa Regional, com 40.701 votos
(39,13%).O PSD, com 33,74% (35.091 votos),
garantiu 21 mandatos, seguido pelo CDS-PP com 5,51% (5.734 votos), que
elegeu três deputados, além de um parlamentar em coligação com o PPM
(com 115 votos).O Chega, que teve 5,06% (5.260 votos), elegeu dois deputados, tal como o BE, que alcançou 3,81% (3.962 votos).O
PPM obteve 2,34% (2.431 votos) e elegeu um deputado, além de um outro
eleito em coligação com o CDS-PP. A Iniciativa Liberal e o PAN
conseguiram 1,93% dos votos, elegendo um deputado cada.Apesar
de ter vencido as legislativas, em números absolutos o PS perdeu 2.573
votos em relação a 2016, enquanto o PSD, o segundo mais votado, cresceu,
tendo obtido mais 6.301 votos do que há quatro anos.