Assembleia dos Açores aprova áreas marinhas protegidas em 30% do mar da região
18 de out. de 2024, 10:03
— Lusa/AO Online
O
diploma foi aprovado em votação final global durante o plenário do
parlamento açoriano, na Horta, com 22 votos a favor de PSD, 22 de PS,
dois do CDS-PP, um do PPM e um do BE, uma abstenção do PAN e cinco votos
contra do Chega e um da IL.PS e BE
apresentaram propostas de alteração e aditamento, tendo sido aprovada a
iniciativa dos socialistas para que seja apresentado um plano de
reestruturação do setor das pescas, com uma dotação mínima de dez
milhões de euros, com apoios à modernização da frota e à cessação
definitiva da pesca comercial por embarcações.Durante
o debate, o deputado do PS Mário Tomé criticou a forma como o executivo
açoriano conduziu o processo que levou à proposta sobre a rede de áreas
marinhas protegidas, denunciando a inexistência de um plano para a
reestruturação da frota piscatória. “Passados
três anos do anúncio do governo do alargamento de 15% para 30% das
áreas marinhas a implantar, estranhamente não existe qualquer plano de
reestruturação da frota, quando o mesmo já devia estar pronto para fazer
face às medidas que serão implementadas”, visou o socialista.Já
Salomé Matos (PSD) lembrou que foram anunciadas compensações aos
pescadores na sequência do alargamento das áreas marinhas protegidas,
defendendo a necessidade de “salvaguardar os recursos que são frágeis
sem descurar a possível exploração económica”.“O
mar não é das [atividades] marítimo-turísticas, não é dos pescadores, o
mar não é do Governo [Regional], não é dos comerciantes, é de todos”,
reforçou a social-democrata.Por sua vez, o
deputado do Chega Francisco Lima acusou o Governo Regional de proibir a
pesca “antes de ter um plano estratégico e identificar os problemas”
que se colocarão ao setor.Nuno Barata (IL)
defendeu que “o grande problema” do diploma é que “começa ao
contrário”: “primeiro restringe e depois vai-se ver como é que se vai
resolver o problema das populações”, assinalou.O
deputado do BE, António Lima, advogou que os apoios anunciados para os
pescadores deveriam estar previstos na legislação, enquanto Pedro Neves,
do PAN, justificou a abstenção com as alterações realizadas ao diploma
em sede de especialidade que “levantam sérias dúvidas jurídicas”.Pedro
Pinto (CDS-PP) considerou que a iniciativa permite aos Açores “serem
líderes” na proteção do mar, tal como João Mendonça (PPM), que avisou
que “sem peixe não há pescadores”.O
Governo dos Açores, em parceria com a Fundação Oceano Azul e com a Waitt
Fondation, anunciou a intenção de transformar 30% dos mares da região
(cerca de 300 mil quilómetros quadrados) em áreas marinhas protegidas,
metade dos quais em regime de “proteção total”.Na
segunda-feira, o Governo da República anunciou que vai compensar a 100%
os pescadores dos Açores pela quebra de rendimento devido à criação das
áreas marinhas protegidas.