Assembleia das Lajes das Flores exige soluções para transporte de mercadorias
Açores/Mau tempo
15 de nov. de 2019, 15:17
— Lusa/AO Online
Uma
das propostas, apresentada pelo PSD, exige que o Governo Regional
encontre um navio adequado ao abastecimento da ilha, mas também que crie
um gabinete para a coordenação logística de toda a mercadoria com
destino às Flores, que tem sido servida, desde o furacão “Lorenzo”, em
outubro, por uma embarcação mais pequena, com capacidade de carga
considerada insatisfatória para o comércio local. “Defendemos
que seja criado um gabinete de coordenação logística, na dependência do
senhor presidente do governo, com efetivo poder de decisão”, insistiu
Bruno Belo, deputado do PSD, justificando que não é possível continuar
“com a desorganização que, neste momento, impera naquilo que é o
abastecimento às Flores e também naquilo que são as exportações dos
animais vivos”.O parlamentar
social-democrata deu como exemplo o facto de o navio “Paulo da Gama”, da
empresa de Transportes Marítimos Graciosenses - o único navio que tem
conseguido operar no porto das Lajes das Flores desde os estragos
provocados pelo furacão –, ter saído da ilha, ao final da tarde de
quinta-feira, levando apenas uma pequena quantidade de gado para
exportação, por não existirem mais contentores adequados para esse
transporte.A outra proposta aprovada por
unanimidade foi apresentada pela bancada municipal da PS, que gere as
duas câmaras municipais da ilha (Lajes e Santa Cruz), defendendo a
criação de uma linha de crédito para apoiar os empresários da ilha, que
estão a passar dificuldades por falta de mercadorias. O
deputado municipal socialista José Eduardo explicou que esta é a altura
de os partidos colocarem as suas divergências políticas de lado e
procurarem uma solução comum para os problemas da ilha, criticando mesmo
a falta de planeamento no transporte de mercadorias que atualmente se
verifica para as Flores.“Sabemos que nem
tudo se resolve rapidamente, mas esperamos sinceramente que haja mais
celeridade e mais atenção a alguns pormenores que, pelo que se ouviu
hoje aqui, têm, se calhar, sido deixados um pouco ao acaso, no caso do
transporte de mercadorias e da forma como se tem abastecido a ilha”,
admitiu.Esta Assembleia Municipal
extraordinária, que se prolongou noite dentro, tinha sido proposta por
um grupo de cidadãos, que exige uma solução célere para o abastecimento
de mercadorias à ilha.Desde o dia 02 de
outubro, as Flores deixaram de poder ser abastecidas por um navio
porta-contentores, devido à destruição do porto comercial.Gustavo
Alves, marinheiro da Marinha Mercante e um dos primeiros subscritores
da reunião, disse à Lusa, no final do encontro, que já teve oportunidade
de explicar ao Governo Regional onde é que existe um navio com
capacidade para abastecer a ilha das Flores e de atracar no porto das
Lajes, nas atuais condições.“Existem
navios com capacidade e manobrabilidade para efetuar a operação aqui no
porto das Lajes, mesmo estando assim bastante afetado”, referiu o jovem
florentino, lamentando que não haja “vontade política”, por parte do
Governo Regional, para resolver o problema.Na
Escócia, referiu, há um navio com cerca de 75 metros de comprimento,
disponível para operar nos Açores, com capacidade para transportar cerca
de 50 contentores, 1.000 toneladas de combustível e 320 metros cúbicos
de cimento numa só viagem.Com a destruição
do porto comercial das Lajes das Flores, as embarcações que abastecem a
ilha são obrigadas a operar num cais interior, com apenas 60 metros de
comprimento e –5 de calado, que não permite a atracagem dos habituais
navios porta-contentores, que faziam escala na ilha antes do furacão
“Lorenzo”.De acordo com as estimativas do
Governo Regional, só a reconstrução do porto comercial das Flores deverá
custar cerca de 190 milhões de euros.