Artista Ricardo Jacinto leva experiência de som ao Arquipélago em São Miguel

O artista sonoro Ricardo Jacinto apresenta na sexta-feira no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, em São Miguel, um concerto-performance em que, através de um sistema de amplificação instalado dentro do violoncelo, vai “mergulhar dentro do instrumento”.


Autor: Lusa/AO Online

O músico apresenta este “solo para violoncelo e eletrónica” servindo-se “de um sistema de amplificação que procura auscultar microscopicamente as ressonâncias” e os seus gestos “neste instrumento acústico, em diferentes pontos do seu corpo”, explicou à agência Lusa.

“Esse sistema de amplificação, esse conjunto de pequenos microfones é, depois, transposto para o espaço onde está o público, espacializando, de algum modo, essa pequenina arquitetura do instrumento. É um sistema que, de algum modo, possibilita ao público, e a mim próprio, metaforicamente, mas também do ponto de vista percetivo, mergulhar dentro do instrumento”, prosseguiu o músico.

A São Miguel, traz uma apresentação “mais limitada no tempo”, porque, “normalmente, este concerto dá início a uma instalação”.

Neste caso, o processo foi, de certa forma, oposto, já que Ricardo Jacinto tem exposta, no âmbito do ciclo expositivo Geometria Sónica, uma instalação que trabalhou com o artista Pedro Tropa, em que também utiliza este sistema, “mas que, neste caso específico, tem uma estrutura de metal que tem lá um dispositivo de exposição de desenhos e fotografias”.

O espetáculo “Medusa” é “uma performance irmã de outra, que também está numa das salas do museu”.

O artista confessou que, apesar de serem “duas coisas independentes”, o que vai fazer durante a performance de sexta-feira e a instalação exibida no Arquipélago desde 26 de janeiro e até 21 de abril, é uma “espécie de continuação desse projeto ou uma apresentação paralela”.

Neste concerto, “a ideia é intervir, ao realizar este concerto-instalação, no subpalco”, adiantou Ricardo Jacinto, explicando que irá utilizar vários tipos de altifalantes, incluindo altifalantes de contacto, um objeto que confere “ao som alguma materialidade diferente do próprio instrumento e ocupa a arquitetura e o espaço onde ele é apresentado de uma maneira um pouco diferente”.

Ricardo Jacinto licenciou-se em arquitetura, pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa, e estudou escultura no Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual.

Desde 1998, tem apresentando o seu trabalho em exposições individuais e coletivas e em concertos e performances em Portugal e na Europa.

Como violoncelista e artista sonoro, interessa-lhe a relação entre o som e o espaço.

As suas instalações estão representadas em coleções na Fundação de Serralves, Caixa Geral de Depósitos, Fundação Leal Rios e na Fundação António Cachola.

Tem trabalho editado pela Shhpuma Records, Clean Feed e Criativa Records.

A par do trabalho que desenvolve a solo, é, atualmente, membro do quarteto de cordas Beat the Odds (dirigido por Pascal Niggenkemper com Elisabeth Codoux e Felicie Bazelaire), do trio com Joana Gama e Luís Fernandes e do trio The Selva (com Gonçalo Almeida e Nuno Morão).

Faz parte do quarteto de Norberto Lobo com Marco Franco e Yaw Teme, do Ensemble Lisbon Freedom Unit (com Luís Lopes, Rodrigo Amado, Pedro Lopes, Gabriel Ferrandini, Bruno Parrinha, Hernâni Faustino e Rodrigo Pinheiro) e, com Nuno Torres, forma o duo CACTO.

É, também, investigador no Sonic Arts Research Centre, na Queens University, em Belfast, Irlanda do Norte.

Desce ao subpalco do Arquipélago, na sexta-feira, para um concerto que se insere no programa do ciclo performativo Geometria Sónica, com curadoria dos programadores festival Tremor, que este ano decorre em abril na ilha de São Miguel.