Arquivada averiguação preventiva à Spinumviva, empresa da família de Montenegro
Hoje 15:54
— Lusa/AO Online
Numa nota publicada no ‘site’ do Departamento
Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), o Ministério Público
justifica o arquivamento com o facto de não ter existido "notícia da
prática de ilícito criminal".Segundo o
comunicado, a averiguação centrou-se inicialmente em pagamentos à
Spinumviva que não seriam devidos à sociedade, incluindo quando Luís
Montenegro já era primeiro-ministro, e foi posteriormente alargada à
compra pela família do chefe de Governo de dois imóveis em Lisboa.Em
causa estavam "suspeitas do perigo da prática do crime de recebimento
ou oferta indevidos de vantagem", que não foram confirmadas pela análise
aos elementos fornecidos por diversas entidades ao Ministério Público.Na
nota, o DCIAP precisa que, "por se ter considerado inexistir fundamento
legal para incluir outras matérias, o objeto" da averiguação preventiva
foi num primeiro momento limitado "a alegações divulgadas pela
comunicação social e reproduzidas em denúncias remetidas ao Ministério
Público" relacionadas diretamente com a Spinumviva, da qual Luís
Montenegro tinha sido sócio e que permanecia na família.Entre
estas, estava a suspeita de que os pagamentos à empresa se tinham
mantido enquanto Luís Montenegro "era primeiro-ministro e sem que lhe
fossem devidos", seja "porque, não tendo a sociedade o benefício da sua
atividade profissional, não poderia [a empresa] ter prestado quaisquer
serviços que justificassem tais pagamentos"; seja porque o valor pago
seria "superior aos de mercado para serviços idênticos".Já
com a averiguação preventiva, aberta em 12 de março de 2025, a
decorrer, "foram recebidas novas denúncias no Ministério Público
reproduzindo notícias de órgãos de comunicação social, respeitantes à
aquisição pela família Montenegro de dois imóveis em Lisboa", que
acabaram por ser integradas no objeto da análise.Nestas
denúncias, ressalva o DCIAP, "não está incluída a apresentada" pela
eurodeputada Ana Gomes, "por ter sido dirigida à Procuradoria Europeia"
pela própria, com conhecimento para as autoridades nacionais.No
âmbito da averiguação preventiva, foi analisada documentação oriunda de
fontes abertas, de conservatórias do registo predial e comercial, da
Comissão Nacional de Proteção de Dados e do Tribunal Constitucional, bem
como informação disponibilizada pelos visados no procedimento: Luís
Montenegro, os dois filhos deste, a Spinumviva e os clientes desta.Da
lista dos clientes da empresa constam a Solverde, S.A., a Rádio
Popular, S.A., a FERPINTA, S.A., o Colégio Luso-Internacional do Porto,
S.A. (CLIP), a Lopes Barata, Consultoria e Gestão, S.A., a Beetsteel,
LDA, a INETUM Holding Business Solutions Portugal, S.A., o ITAU -
Instituto Técnico de Alimentação Humana, S. A., a Sogenave, S.A., a
Portugalenses, Transportes, LDA, e a Joaquim de Barros Rodrigues &
Filhos.O primeiro-ministro, que segundo o Ministério Público já foi notificado do despacho, prestou também declarações.No
comunicado, o DCIAP justifica a comunicação pública da abertura da
averiguação preventiva e do seu arquivamento com o "interesse público"
decorrente de o facto de Luís Montenegro ser o primeiro-ministro.Em
outubro, a revista Sábado e a CNN Portugal noticiaram que procuradores e
elementos da Polícia Judiciária queriam que a PGR abrisse um
inquérito-crime para aprofundar as investigações à Spinumviva, tendo a
Procuradoria-Geral esclarecido então que a averiguação preventiva
continuava e era ainda aguardada documentação para ser analisada.A 09 de dezembro, o procurador-geral da República, Amadeu Guerra, disse
esperar que a averiguação preventiva ficasse concluída até ao início das
férias judiciais de Natal, na próxima segunda-feira.