Autor: Ana Carvalho Melo
O Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas está a promover a iniciativa “10 anos - 10 autocarros”, uma ação que visa aproximar as escolas dos seis concelhos da ilha de São Miguel da programação desenvolvida pelo Serviço de Mediação da instituição.
A iniciativa, promovida no âmbito das celebrações do seu 10.º aniversário, inclui 10 visitas guiadas a alunos e professores de várias escolas da ilha de São Miguel à exposição “Lourdes Castro: existe luz na sombra”.
De acordo com Sofia Carolina Botelho, do serviço de mediação do Arquipélago, com esta iniciativa pretende-se reforçar a relação com a comunidade escolar, enquanto se promove o acesso à arte contemporânea e incentiva a participação de alunos e professores na vida cultural da Região.
“O projeto surge como uma resposta a um problema recorrente identificado nos encontros anuais de professores realizados pelo Arquipélago no início de cada ano letivo”, explicou a responsável, realçando que, nestes encontros, uma das necessidades identificadas está relacionada com a dificuldade das escolas em conseguir transportes, um desafio particularmente complexo para crianças mais novas (do 2.º e 3.º ciclos).
Neste contexto, o Serviço de Mediação do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas concebeu a iniciativa “10 anos - 10 autocarros”, que, até meados de novembro, levará à instituição cerca de 500 alunos de 10 escolas de São Miguel, desde o 1.º ciclo até ao ensino secundário.
A primeira visita decorreu na passada quinta-feira e trouxe ao Arquipélago alunos da Escola Básica e Secundária do Nordeste. Estes alunos tiveram a oportunidade de explorar a exposição “Lourdes Castro: existe luz na sombra”, a qual apresenta um conjunto de obras de uma das mais significativas artistas portuguesas do século XX, explorando temas como a luz, a sombra e a presença.
“A visita contextualiza o trabalho da artista, incluindo a sua experiência de ter vivido e trabalhado antes e depois da ditadura. O seu trabalho é considerado universal nos temas que aborda, relacionados com a existência humana, as relações humanas e o posicionamento em contextos ambientais e sociológicos” realça Sofia Carolina Botelho.
Recorde-se que Lourdes Castro (1930-2021), artista portuguesa madeirense, é uma figura marcante na história da arte portuguesa, e a sua obra é considerada atemporal. A exposição patente até 1 de fevereiro de 2026, resulta de uma parceria com o MUDAS - Museu de Arte Contemporânea da Madeira.
Esta exposição, para além das obras
da artista, apresenta documentação e arquivo (como fotografias e
álbuns) que ajudam a contextualizar o trabalho de Lourdes Castro.
Ao
Açoriano Oriental, Sofia Carolina Botelho realça que esta iniciativa se
alinha com a aposta do Arquipélago na abertura à comunidade, dado que o
esforço da instituição, desenvolvido pelos departamentos de mediação e
comunicação, visa ir além do mero “abrir” para “trazer” o público ao
espaço.
Nesse sentido, Sofia Carolina Botelho sublinha que o serviço de mediação tem procurado desconstruir certos códigos associados à arte contemporânea, assegurando que esta seja usufruída e experienciada por todas as pessoas. Esta aposta inclui o desenvolvimento de comunidades, programas para famílias (como o que decorre no último domingo de cada mês) e a promoção da educação não formal (como workshops e cursos de verão), visando incutir o hábito de visitar centros culturais desde tenra idade.
“Tem sido feito um trabalho no sentido de desenvolver
inúmeros projetos, não só aqui, ligados à mediação, mas também à própria
comunicação, com estratégias que envolvem o desenvolvimento de várias
comunidades”, salienta.