Arménio Carlos defende que melhoria dos serviços públicos implica valorização dos trabalhadores
27 de jan. de 2020, 11:24
— Rosária Rato/Lusa/AO Online
"Não há melhores serviços
públicos se não se valorizar o papel dos trabalhadores da Administração
Pública", disse em entrevista à agência Lusa Arménio Carlos,
considerando que as propostas do Governo previstas no Orçamento do
Estado são desrespeitosas porque reduzem o poder de compra.O
sindicalista referia-se à proposta de aumentos salariais de 0,3%
prevista para a função pública e lembrou os 10 anos de congelamento, e
até redução, salarial no setor."Recordamos
que no período da ‘troika’ os serviços da Administração Pública só não
colapsaram porque os trabalhadores, em muito menor número e com tantos
problemas como são conhecidos, resistiram e cumpriram com a sua função
de fazer tudo o que estava ao seu alcance para responder minimamente às
necessidades das populações", disse à Lusa.Arménio
Carlos defendeu que, tendo em conta o crescimento do emprego e da
procura interna, o Governo deve aumentar os trabalhadores do Estado "de
acordo com o reconhecimento das suas competências, qualificações e
experiência"."Ou corremos o risco de
qualquer dia termos cada vez menos trabalhadores na Administração
Pública, porque se tiverem melhores ofertas vão para o setor privado",
afirmou, referindo áreas como a saúde ou a educação.O
sindicalista acusou o Governo de, neste caso, ter dois pesos e duas
medidas, porque quer melhorar os serviços públicos mas não quer
valorizar os trabalhadores que os prestam."A
questão de fundo é saber que país queremos do ponto de vista das
funções sociais do Estado e dos serviços públicos. Nós pagamos os nosso
impostos, logo o Governo tem obrigação de assegurar que a receita dos
nossos impostos seja investida de forma justa para corresponder às
necessidades das populações", concluiu.