Argentina terá 25 milhões de doses da vacina russa e começa vacinação em dezembro
Covid-19
3 de nov. de 2020, 12:37
— Lusa/AO Online
"[Os russos] Estariam em condições de dar-nos 10 milhões de cada uma
das duas doses. Poderemos tê-las aqui em dezembro. E, nos primeiros dias
de janeiro, poderíamos ter, segundo me informam, mais 15 milhões de
doses", revelou o Presidente Alberto Fernández à agência de notícias
russa SputnikNews. O Governo russo
ofereceu à Argentina 25 milhões da vacina Sputnik V, que requer duas
doses. No total, seriam 50 milhões de doses, das quais a Argentina vai
adquirir metade numa primeira fase. As
12,5 milhões de vacinas que a Argentina vai comprar (25 milhões de
doses) devem chegar ao país em dezembro e janeiro, sendo 10 milhões de
doses em dezembro, quando o país começará a vacinação inicial de grupos
de risco. "Estamos com muita esperança. Em
dezembro poderíamos começar a vacinação. Essa vacina é muito importante
porque nos permitiria vacinar os setores em risco. Com essas doses,
metade da população argentina estaria vacinada", celebrou Fernández. A população argentina é de 45 milhões de habitantes.
A outra metade da quantidade posta à disposição pela Rússia não foi
ainda confirmada porque a Argentina também trabalha com outras vacinas
em desenvolvimento. O presidente garantiu que "logicamente" também tomará a vacina russa e que só não a tomou ainda porque lhe pareceu "injusto".
"Tenho duas amostras que me mandaram da Rússia no começo das
negociações [para a compra das vacinas], mas não acho justo que eu tome a
vacina e outros argentinos não possam ser vacinados, para além da
responsabilidade que [como Presidente] sei que tenho", indicou.
A compra foi confirmada pelo Presidente argentino depois da viagem
secreta da vice-ministra da Saúde, Carla Vizzotti, que, na semana
passada, foi à Rússia para observar o processo de provas em curso.
"Diferentemente de outros que fabricavam vacinas, não tínhamos na
Argentina um interlocutor válido com o qual pudéssemos falar. Então,
pessoalmente, combinei uma viagem da vice-ministra da Saúde e de uma
assessora minha à Rússia", confirmou Fernández.
A Sputnik V foi a primeira vacina anunciada no mundo ainda em agosto,
quando o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia tinha
ganho a corrida mundial pela vacina. Na altura, Putin revelou que tinha vacinado a sua própria filha.
O anúncio foi relativizado pela comunidade científica internacional por
ter saltado fases do processo e por serem desconhecidos detalhes
técnicos dos procedimentos. Mesmo sem
evidências, o presidente Alberto Fernández entrou em contacto com
Vladimir Putin para lhe dar os parabéns pela façanha. Foi quando também
anunciou que a Argentina produziria a vacina de Oxford para toda a
América Latina, com exceção do Brasil. A
vacina russa foi desenvolvida pelo Centro de Investigações
Epidemiológicas e Microbiológicas Gamaleya. Está na fase III dos ensaios
clínicos, aquela que envolve a aplicação em humanos.
Segundo uma publicação na revista científica The Lancet, a totalidade
dos adultos que participaram dos ensaios clínicos durante as fases I e
II demonstraram uma forte resposta de imunidade perante o SARS-CoV-2.