Áreas marinhas protegidas podem trazer mais riqueza aos Açores
15 de dez. de 2021, 13:02
— Lusa/AO Online
“Uma das ferramentas mais capazes que nós
temos de poder desenvolver para inverter alguns destes padrões [aumento
da temperatura do mar e maior acidez das águas] são as áreas marinhas
protegidas”, destacou Emanuel Gonçalves, durante uma palestra no Teatro
Faialense, na cidade da Horta, integrado no Fórum Autonómico, promovido
pelo Governo Regional.O investigador
explicou que a Fundação Oceano Azul, em parceria com a Waitt Foundation e
com o Governo dos Açores, estão a preparar um projeto que pretende
transformar 30 por cento dos mares da região (cerca de 300 quilómetros
quadrados), em áreas marinhas protegidas, metade dos quais em regime de
“proteção total”.“As áreas marinhas
protegidas são a proteção do oceano e aquilo que isso significa, não só
do ponto de vista de proteção ambiental, mas também do que significa de
uma maior oportunidade da dimensão económica”, insistiu Emanuel
Gonçalves.Para o responsável, os dados
científicos recolhidos até à data, bem como as zonas de proteção já
implementadas noutras partes do mundo, como por exemplo, no México,
permitem concluir que as áreas marinhas protegidas podem também trazer
benefícios à própria classe piscatória.“Quando
implementamos estas área marinhas protegias, nomeadamente quando têm
proteção total, nós vamos ter mais peixe, vamos ter peixes maiores,
vamos ter mais espécies, e elas, obviamente, dão-nos os nossos bancos de
capital natural, dão-nos uma ferramenta para a recuperação da
natureza”, sustentou.É fundamental que os
governantes tomem medidas concretas no sentido de inverter os problemas
ambientais que afetam todo o mundo, como o aumento da temperatura média
do ar e da água do mar, para se possa evitar também a extinção de
algumas espécies, considerou.“Existem
algumas espécies que já sabemos que não conseguem mergulhar às
profundidades onde iam buscar as suas presas, por que o oxigénio ali
existente não é suficiente para alimentar o seu elevado metabolismo.
Estamos a falar, por exemplo, dos tubarões, dos espadartes, dos grandes
predadores marinhos”, frisou Emanuel Gonçalves.Também
o presidente do Governo Regional, o social-democrata José Manuel
Bolieiro, manifestou preocupação com a preservação ambiental e com a
necessidade de serem adotadas medidas eficazes para combater o problema,
e admitiu mesmo avançar com a criação de mais áreas marinhas protegidas
na região, mas sempre em parceria com os parceiros ligados ao setor.“Uma
das soluções possíveis é, naturalmente, empenhar-nos nas áreas de
reserva marinha totalmente protegidas, não para ser contra a economia da
extração, não para estar contra os armadores, os pescadores e as
comunidades piscatórias, mas sim para os proteger e valorizar”, realçou o
governante, acrescentando que é possível aumentar o rendimento, com uma
menor extração.A Fundação Oceano Azul,
instituída pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos (SFMS), é uma
entidade sem fins lucrativos, que tem por objeto contribuir para a
conservação e utilização sustentável dos oceanos.