Aprovado primeiro tratado da ONU contra o cibercrime
9 de ago. de 2024, 12:14
— Lusa/AO Online
Após três anos de negociações
formais e uma sessão final de duas semanas em Nova Iorque, a "Convenção
das Nações Unidas contra o Cibercrime" foi aprovada por consenso e será
posteriormente submetida à Assembleia Geral, para adoção formal.“Considero
que os documentos (...) estão aprovados. Muito obrigado, bravo a
todos!”, frisou Faouzia Boumaiza Mebarki, presidente do comité
intergovernamental criado em 2019 para redigir este tratado, sob
proposta da Rússia.O novo tratado, que
poderá entrar em vigor depois de ter sido ratificado por 40 Estados,
visa “combater de forma mais eficaz o cibercrime” e reforçar a
cooperação internacional nesta área, citando em particular imagens de
pornografia infantil ou branqueamento de capitais.Mas
os detratores do projeto, uma aliança invulgar entre defensores dos
direitos humanos e grandes empresas tecnológicas, denunciam um âmbito
demasiado amplo que, segundo eles, o tornará num tratado de “vigilância
global”.O texto adotado prevê que um
Estado pode, para investigar qualquer crime punível com pelo menos
quatro anos de prisão nos termos da sua legislação nacional, solicitar
às autoridades de outro Estado quaisquer provas eletrónicas relacionadas
com esse crime e também solicitar dados de acesso a um fornecedor.Os
defensores dos direitos humanos temem, em particular, que o texto seja
utilizado por Estados que criminalizam a homossexualidade ou por
governos que atacam dissidentes ou jornalistas.“Apelamos
aos Estados para que garantam que os direitos humanos estão no centro
da Convenção que deve ser adotada esta semana”, defendeu o Alto
Comissariado para os Direitos Humanos, numa mensagem na rede social X,
esta semana.“Os defensores dos direitos,
os investigadores e as crianças não devem temer a criminalização das
atividades protegidas”, vincou.