Aplausos e agradecimentos marcam reabertura do Mercado do Bolhão no Porto
15 de set. de 2022, 11:42
— Sofia Cortez/Lusa/AO Online
“Viva ao Bolhão”,
gritavam, em coro, vários comerciantes antes do presidente da Câmara do
Porto, Rui Moreira, assinalar a abertura do mercado com o toque do sino,
às 08h00 em ponto.Consecutivas batidas do
sino e aplausos marcaram o regresso do histórico mercado que, desde
março de 2018, sofreu uma obra de restauro “exigente”.“Muito
obrigada, do fundo do coração”, dizia uma vendedora ao presidente da
câmara que, entre cumprimentos e agradecimentos, admitiu aos
jornalistas, logo no início da visita, estar “comovido”.“É
uma emoção difícil de conter porque estou com pessoas que ao princípio
achavam que não era possível, que era mais uma promessa. Cumprirmos é
sempre a sensação de que valeu a pena”, disse.A
emoção de voltar ao espaço era visível tanto nos que ao Bolhão chamam
de “casa”, como aos que ali faziam as suas compras, como Aurora Silva,
de 86 anos e natural de Custóias, no concelho vizinho de Matosinhos, que
não perdeu a oportunidade de hoje estar presente na reabertura.“Achei que nunca ia assistir a este momento”, admitiu à Lusa enquanto limpava as lágrimas, visivelmente emocionada.Entre
bancas de fruta, legumes e flores, vários eram os que acompanhavam Rui
Moreira, a quem, recorrentemente, os comerciantes agradeciam.Lembrando
que o restauro do mercado “demorou muito tempo” e que foram também
“muitos os contratempos”, o autarca salientou ser tempo de “a cidade
apoiar o Bolhão”.“Até agora, nós fizemos
todos os possíveis, os vendedores do Bolhão fizeram todos os possíveis.
Agora, é altura de a cidade corresponder”, afirmou, considerando que
hoje começa o “segundo desafio”: os portuenses irem ao mercado fazer as
suas compras.Neste primeiro dia de
regresso a “casa”, Alice Leitão, da queijaria do Bolhão, lamenta apenas
não ter ficado no lugar de “sempre”, no corredor central junto à
entrada.Contudo, “é sempre bom voltar”,
disse a vendedora, que ainda se está a habituar ao novo espaço e espera
que os clientes regressem ao Bolhão.Ainda
que neste primeiro dia muitos dos clientes venham “só para ver”, Paula
Viana, da frutaria do Bolhão do Rui Silva, sabe que é “o primeiro de
muitos” e tem uma certeza: “Vai correr muito bem, Deus é grande”.De volta à banca onde sempre vendeu e que já era da sua sogra, Paula não escondia a felicidade de estar de volta.“Estou muito contente”, admitiu.Com
“parte fundamental do Bolhão” – os comerciantes - a arregaçarem as
mangas e voltarem ao trabalho hoje, no espaço faltam ainda as lojas e
restaurantes.À Nossa Senhora da Conceição,
a santa padroeira do Bolhão, a primeira a mudar-se para “abençoar” o
centenário mercado, juntaram-se hoje 79 comerciantes históricos, que
durante mais de quatro anos venderam os seus frescos no mercado
temporário.Com 81 bancadas, 38 lojas e 10
restaurantes, o Bolhão acomoda os frescos no piso térreo e os
restaurantes no piso superior. No exterior, ficarão as lojas e, no
interior, haverá ainda espaço para acolher pequenos mercados
temporários.Alvo de uma obra de restauro
“exigente”, consignada a 15 de maio de 2018, o Mercado do Bolhão estava
suportado por andaimes desde 2005, devido a um alegado risco de ruína
que só não levou ao seu encerramento porque os comerciantes o impediram.A
empreitada de restauro e modernização foi adjudicada ao agrupamento
Alberto Couto Alves S.A e Lúcio da Silva Azevedo & Filhos S.A, por
22,379 milhões de euros, contudo, veio a custar mais 15% do que
inicialmente previsto, passando para cerca de 26,4 milhões de euros.O
presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Norte (CCDR-N), António Cunha, presente esta manhã na abertura do
espaço, recordou que a obra “constitui o maior investimento financiado
pelo Norte 2020, com um apoio de quase 15 milhões de euros de fundos
europeus geridos pela comissão”.A pandemia
da covid-19 e “várias vicissitudes” condicionaram a conclusão dos
trabalhos - prevista para 15 maio de 2020 – e tornaram necessário o
reajustamento do prazo por mais dois anos e quatro meses.