Apesar de impopular, Trump mantém-se competitivo nas presidenciais de novembro
25 de dez. de 2019, 11:00
— Ricardo Jorge Pinto/Lusa
Trump tem
baixos índices de popularidade - na apreciação do seu mandato - e está
sujeito a um escrutinado inquérito para destituição, mas as sondagens
indicam que ele ainda é muito competitivo contra os três principais
candidatos Democratas [Joe Biden, Bernie Sanders e Elizabeth Warren],
com os analistas a colocarem em aberto todos os cenários de resultado
das eleições de outubro de 2020.Na
tradição política americana há uma expressão que diz “democrats fall in
love, republicans fall in line” (que exprime a ideia de que os
Democratas se “apaixonam” pelos candidatos e que os Republicanos se
disciplinam no apoio aos candidatos).Donald
Trump conta com a disciplina do Partido Republicano (que parece estar
todo ao seu lado) para ser reeleito, em 2020, caso sobreviva ao processo
de destituição que os Democratas lhe impuseram, em outubro passado, e
que ele considera ser uma “caça às bruxas” destinada a fragilizar a sua
campanha para as presidenciais.Trump
tornou-se o quarto Presidente na história norte-americana a ser alvo de
um inquérito de ‘impeachment’, mas o processo não deve deter a sua
recandidatura, já que a maioria Republicana, bem disciplinada, deverá
rejeitar os artigos de destituição redigidos pela maioria Democrata da
Câmara de Representantes.Do outro lado, os
Democratas têm muitos candidatos por quem se “apaixonar”, numas
eleições primárias que chegaram a ter mais de 20 nomes e que, a dois
meses das primeiras eleições (em fevereiro, no Estado do Iowa), ainda
tem 16 pretendentes ao lugar de desafiador de Trump pelo controlo da
Casa Branca.A maioria das sondagens nas
primárias Democratas dá ligeira vantagem a Joe Biden, o
ex-vice-presidente de Barack Obama e um dos nomes do setor mais moderado
do partido, mas aparece perseguido de muito perto por nomes da ala mais
radical, como Elizabeth Warren e Bernie Sanders.Joe
Biden consegue os melhores indicadores em vários estratos sociais
(incluindo as minorias hispânica e negra), mas os adversários internos e
externos questionam a sua condição de saúde (ele tem 77 anos e, por
vezes, tem revelado dificuldade em terminar frases nos seus discursos) e
a sua campanha tem vindo a perder dinâmica.O
tema que mais divide os Democratas deve ser também uma das questões
mais discutidas na campanha, o acesso ao serviço de saúde (“Medicare for
all”), que os candidatos Democratas mais à esquerda querem que seja
gratuito e universal, após um período de transição de quatro anos.O
sistema, se for implantado como o desejam Elizabeth Warren ou Bernie
Sanders, permitirá acesso a toda as pessoas que residam nos Estados
Unidos e os especialistas dizem que deverá ter um custo aproximado de 30
biliões de dólares, nos primeiros 10 anos.Os
Democratas poderão ainda escolher entre candidatos que procuram
situar-se entre os extremos ideológicos do partido, como Peter
Buttigieg, o autarca do Estado de Indiana que se tem destacado pela
tentativa de harmonizar as posições moderadas com as ideias radicais,
marcando pontos com as suas propostas na área da educação e do combate
às alterações climáticas.Mas o Republicano
Donald Trump vai querer arrastar o debate eleitoral para o território
que lhe valeu a vitória em 2016, voltando ao tema do combate à imigração
ilegal.Nos comícios que tem promovido com
regularidade, nos últimos meses, Trump recuperou o ‘slogan’ de 2016,
“Fazer a América Grande Outra Vez” (“Make America Great Again”),
transformando-o em “Manter a América Grande” (“Keep America Great”),
repetindo à exaustão a ideia de que a economia do país nunca esteve tão
boa.O Presidente diz que o muro na
fronteira com o México está já a ser construído, depois de ter desviado
vários milhões de dólares de investimento militar para esse desígnio, e
promete que o combate à imigração ilegal continuará a ser prioridade.Mas
para as eleições de 2020, há temas que são ainda uma incógnita, mas que
constituem variáveis que podem fazer toda a diferença no resultado da
escolha do inquilino da Casa Branca.Um
desses temas é a guerra comercial com a China, que Trump tem ajudado a
prolongar há quase dois anos, com avanços e recuos em taxas
retaliatórias de importações, aplicadas por ambos os países e que estão a
provocar danos na economia mundial.Para
amortecer o impacto na economia interna, o Presidente tem recorrido a
subsídios de compensação (sobretudo na área agrícola), mas os
adversários Democratas não pegam no tema do conflito comercial por falta
de argumentos, perante baixos índices de desemprego e elevados índices
bolsistas.O clima económico é um trunfo
importante para Donald Trump, se for lembrada a frase que os estrategos
do ex-Presidente Democrata Bill Clinton imortalizaram, quando se
referiam ao tema mais importante em qualquer campanha presidencial:
“It’s the economy, stupid!” (“É a economia, estúpido!”).