Apenas secretária de Estado dos Assuntos Europeus sairá do Governo
13 de ago. de 2021, 08:55
— Lusa/AO Online
Em
entrevista publicada pelo semanário Expresso, António Costa
explica que “continua a ser totalmente justificável a atual estrutura
[do Governo], porque o esforço que vai implicar a execução do Plano de
Recuperação e Resiliência, mais o Portugal 2030, mais a execução do
programa do Governo, não aconselham a qualquer mudança na estrutura,
pelo contrário”, dada a necessidade de os ministros se concentrarem na
aplicação dos fundos.De acordo com o
governante, os ministros devem concentrar-se “a 200% na execução das
suas tarefas”, depois de todos os instrumentos estarem aprovados. “Não
tenho neste momento no horizonte nenhuma remodelação”, reiterou António
Costa, assegurando que “a única que está prevista é da atual secretária
de Estado dos Assuntos Europeus”. A
secretária de Estado Ana Paula Zacarias sairá para regressar à carreira
diplomática no próximo movimento diplomático, adiantou o
primeiro-ministro.“Tenho muita pena. Foi
uma excecional secretária de Estado dos Assuntos Europeus, peça
fundamental da nossa presidência, mas é uma diplomata de mão-cheia, é
legítimo que queira concluir a sua carreira diplomática”, sustentou. António
Costa lembrou que “as remodelações se fazem quando são necessárias, não
propriamente quando os comentadores ou as sondagens o dizem”,
garantindo que Ana Paula Zacarias sairá para além do mês de setembro.Sobre
o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que ficou marcado
pela polémica festa do campeonato de futebol do Sporting, António Costa
escusou-se a tecer muitos comentários, dizendo apenas que “ninguém é
insubstituível” e que, em jeito de provocação, o que tem “visto a ser
discutido é a remodelação da oposição”.António Costa acrescentou que o tema da celebração do campeonato não foi discutido entre os dois. “Não
foi nem tinha de ser. Houve um trabalho que foi feito entre o clube, o
município, as forças de segurança sobre a forma como deviam decorrer”,
afirmou.Questionado sobre “um virar de
página” no atual governo, numa altura em que se aproximam os 85% de
imunidade de grupo, o primeiro-ministro explicou que quando isso
acontecer será em outubro e terá a ser discutido o Orçamento do Estado
(OE) para 2022. “Tenho a certeza e os ministros estão ocupado a concluir e a verem aprovado o seu orçamento e prontos para o executar”, realçou.Ao
Expresso, António Costa defendeu ainda que tem sentido “uma enorme
energia” no Conselho de Ministros, em relação à execução do Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2030.“O
que o país pede é que prossigamos o trabalho que temos vindo a fazer de
combater a pandemia, que se concentre em apoiar este esforço
extraordinário que as empresas e os trabalhadores têm feito para
enfrentarmos a crise económica. Temos de nos concentrar nisso e não com
casos e casinhos”, sublinhou.Sobre o
combate à pandemia, Costa refere que não tem “nenhum indicador que
justifique” considerar a vacinação obrigatória para profissionais de
saúde e lares, como acontece em França, argumentando que os “níveis de
recusa são mínimos” entre a população.“Acho
que não devemos quebrar aquilo que é a nossa regra, que tem funcionado
bem ao longo de décadas e durante esta pandemia. Os níveis de recusa de
vacinação são mínimos. E mesmo aqueles que se recusaram a vacinar-se,
presumo que estejam arrependidos”, realçou Costa, apontando o dedo a
André Ventura, líder do partido Chega. Questionado
sobre se os portugueses vão deixar de pagar os testes de covid-19
brevemente, como se faz na Alemanha, o governante disse que é
“prematuro” especular. “Vamos ter de ir adequando as medidas de acordo com o que é a evolução da pandemia”, sustentou.