Apenas cinco em cada 10 utentes beneficiam de medicamentos genéricos
13 de out. de 2021, 12:47
— Lusa/AO Online
O
Estudo de Perceção dos Medicamentos Genéricos, promovido pela APOGEN –
Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares salienta
que estes fármacos permitiram, “só nos últimos 10 anos”, libertar
recursos das famílias e do Serviço Nacional no valor de quase 4,3 mil
milhões de euros para serem aplicados na inovação em saúde, um valor que
corresponde a quase dois anos de despesa do SNS com medicamentos.Em
declarações à agência Lusa, a presidente da APOGEN, Maria do Carmo
Neves, afirmou que os genéricos promovem “um acesso mais equitativo ao
medicamento, são mais custo-efetivos, tratam um maior número de pessoas
como o mesmo custo”.Libertam também
recursos financeiros para que o Serviço Nacional de Saúde introduza a
inovação, disse, exemplificando que em 2020 permitiram uma poupança de
450 milhões de euros e já este ano de 357 milhões de euros.Por
outro lado, garantem “o acesso a tratamentos de elevada qualidade,
segurança e eficácia para os utentes”, contribuindo para o bem-estar da
população, além de serem “os grandes promotores do emprego qualificado e
melhor remunerado” em Portugal.O estudo
realizado pela GFK Metris, divulgado hoje no evento “Desafios Genéricos
da Saúde”, organizado pela APOGEN e pelo Expresso, refere que, apesar
dos utentes, médicos e farmacêuticos confiarem e adotarem estes
medicamentos, Portugal está abaixo da média europeia.
“Se olharmos para os países europeus mais desenvolvidos economicamente,
e a Alemanha tem que ser um exemplo, vemos que a quota de mercado dos
medicamentos genéricos ultrapassa os 70%”, assinalou a responsável.A
APOGEN promoveu o estudo para “aferir os determinantes, as barreiras e
os facilitadores no processo de adoção” dos genéricos, principalmente
nesta fase pós-pandemia em que “o país e os cidadãos enfrentam incerteza
e grandes constrangimentos financeiros” e o SNS “sofre a pressão do
retomar das atividades assistenciais”.Para
Maria do Carmo Neves, o pós-pandemia vai ter de ser diferente do
pré-pandemia, para que ainda mais portugueses tenham acesso à saúde.“Em
cinco anos temos que ser capazes de que, no mínimo, seis em cada 10
doentes possam usufruir das vantagens dos medicamentos genéricos”,
defendeu.Para isso, desafiou todos os
intervenientes do setor a unirem-se para conseguir que estas tecnologias
de saúde representem em Portugal níveis de adoção idênticos aos
encontrados nos países europeus mais desenvolvidos economicamente.Desde
o ano 2000 que os portugueses beneficiam da utilização dos genéricos.
Maria do Carmo Neves reconhece que houve “uma evolução muito favorável”
graças ao trabalho conjunto da indústria farmacêutica, que investiga,
desenvolve, fabrica e comercializa os medicamentos genéricos, dos
médicos, dos farmacêuticos e do Infarmed.“Mas
também do próprio cidadão que tomou consciência de que tem disponível
uma alternativa terapêutica com a mesma eficácia com a mesma segurança e
com um custo no mínimo inferior a 50%”, enfatizou.“Só
que apesar desta evolução, que eu considero muito positiva, a quota de
medicamentos genéricos em Portugal ainda não chegou aos 50%. Estamos em
48,7% e está estagnada há cinco anos”, lamentou.No
seu entender, estes fármacos são “pilares fundamentais” sem os quais
muito dificilmente se conseguiria assegurar o “direito fundamental à
proteção da saúde”.Em Portugal, sustentou,
“as despesas das famílias, em relação à saúde, são das mais altas na
Europa”, sendo que a evolução da quota dos genéricos representa “uma
oportunidade em crescimento, já que a sua elevada adesão espelha um
importante indicador de desenvolvimento social”. Os medicamentos genéricos cobrem neste momento mais de 70% das terapêuticas.