Apenas 77 municípios tiveram pelo menos 50% de receitas próprias em 2019
Anuário Financeiro
24 de nov. de 2020, 12:13
— Lusa/AO Online
Segundo
o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, da responsabilidade da
Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), o nível global de
independência financeira desceu -0,6% em 2019, “atingindo um peso médio
de 39,1% para o universo dos municípios, o que pode ser considerado
bastante baixo”.Apenas 77 municípios
conseguiram em 2019 ter, pelo menos, 50% de receitas próprias face ao
total de receitas, menos cinco do que no ano anterior, dos quais 22
foram municípios de grande dimensão, 41 de média dimensão e 14 de
pequena dimensão.De acordo com o
documento, os municípios de pequena dimensão apresentaram um nível médio
de independência financeira de apenas 28,9%, baixando -1,1% em relação a
2018.A maior fatia de receita para estes
municípios é representada pelas transferências provenientes do Orçamento
do Estado, através do Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF), que traduz,
em média, 66,7% da receita total.Por outro lado, 35 municípios, todos eles de pequena dimensão, apresentaram receitas próprias com níveis inferiores a 20%.Há
ainda 21 municípios, todos de pequena dimensão cujas transferências do
Orçamento do Estado (OE) representaram mais de 80% das respetivas
receitas totais.No entanto, de acordo com o
documento, “a sua elevada dependência financeira é uma situação
intransponível e impossível de, alguma forma, ser imputada à
responsabilidade dos municípios” pois “constitui um ponto fraco
completamente exógeno à sua gestão”.Por
outro lado, o nível médio da independência financeira apresentado pelos
municípios de grande dimensão, de 67,6%, é considerado “significativo” e
justificado “pelo maior volume de receita fiscal auferida por aqueles
municípios, nomeadamente a proveniente do Imposto Municipal sobre
Imóveis (IMI) e do Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de
Imóveis (IMT)”.No ano passado houve 157
municípios que não recorreram a empréstimos bancários (menos 16 do que
em 2018), dos quais 94 de pequena dimensão, 14 de grande dimensão e 49
de média dimensão.O documento salientou
ainda que, entre 2010 e 2019, se verificou um crescimento geral do nível
de independência financeira nos municípios das Regiões Autónomas, que
foi menos acentuado na Região Autónoma da Madeira (+5,3%) do que na
Região Autónoma dos Açores (+8,5%) atingindo, em 2019, os níveis de
34,6% e de 22,4%, respetivamente.No
ranking dos municípios que apresentaram maior independência financeira
por maior peso das receitas próprias nas receitas totais é encabeçado
por Lisboa, Lagoa (Algarve), Albufeira, Lagos, Loulé, Porto, Cascais,
Portimão, Sesimbra e Oeiras.Os municípios
com menor independência financeira são Corvo, Lajes das Flores,
Pampilhosa da Serra, Freixo de Espada à Cinta, Barrancos, Alcoutim,
Mourão, Vimioso, Mértola e Vila de Rei.O
critério utilizado considera que um município tem independência
financeira nos casos em que as receitas próprias representam, pelo
menos, 50% das receitas totais.A
classificação da dimensão dos municípios tem em conta o número de
habitantes. Portugal tem 308 municípios (278 no continente e 30 nas
regiões autónomas), dos quais 187 são considerados pequenos, 97 médios e
214 grandes.O Anuário Financeiro dos
Municípios Portugueses é um trabalho conjunto entre a OCC e o Centro de
Investigação em Contabilidade e Fiscalidade do IPCA - Instituto
Politécnico do Cávado e do Ave.