APAVT diz que saída da Ryanair dos Açores merece atenção e apela a soluções equilibradas
Hoje 11:04
— Lusa/AO Online
"A
notícia da redução da operação da Ryanair nos Açores merece a maior
atenção de todo o setor, uma vez que a conectividade aérea é um pilar
essencial para o desenvolvimento económico da Região Autónoma, para a
mobilidade dos residentes e para a sustentabilidade do destino enquanto
referência turística", disse o presidente da APAVT à Lusa.A
Ryanair anunciou na quinta-feira o cancelamento de todos os voos
de/para os Açores a partir de 29 de março, "devido às elevadas taxas
aeroportuárias" e "à inação do Governo português, que aumentou as taxas
de navegação aérea em +120% após a Covid e introduziu uma taxa de viagem
de dois euros, numa altura em que outros Estados da União Europeia (UE)
estão a abolir taxas de viagem para garantir o crescimento de
capacidade, que é escasso".Pedro Costa
Ferreira espera que a companhia aérea e as autoridades regionais e
nacionais consigam "manter um diálogo construtivo", com o objetivo de
encontrar soluções que "assegurem estabilidade, continuidade e
competitividade no serviço aéreo". "A previsibilidade das ligações é determinante tanto para os turistas como para o tecido empresarial local", reforça. A
associação afirma reconhecer o papel relevante que as companhias
'low-cost' (de baixo custo) desempenham no contexto do acesso aos
Açores, "contribuindo para o aumento da procura, para a diversificação
de mercados e para a redução da sazonalidade", mas sublinha que "o
modelo é extremamente exigente para os territórios, sujeitos a enorme
pressão negocial, sempre que se colocam na agenda processos de
renovação". Situação que - defende - "deve ser tida em conta na hora da
decisão”. "Devem ser procuradas soluções equilibradas, que não coloquem os destinos sob pressão constante", apela Pedro Costa Ferreira.A Ryanair conta com 10 anos de operações entre os Açores e Lisboa, Porto, Londres e Bruxelas.A
Ryanair argumentou que, "infelizmente, o monopólio da ANA não tem
qualquer plano para aumentar a conectividade de baixo custo com os
Açores", acrescentando que a ANA "não enfrenta concorrência em Portugal -
o que lhe permitiu obter lucros monopolistas, aumentando as taxas
aeroportuárias portuguesas sem qualquer penalização - numa altura em que
aeroportos concorrentes noutros países da UE estão a reduzir taxas para
estimular o crescimento".A ANA -
Aeroportos de Portugal, empresa que gere as infraestruturas
aeroportuárias em Portugal, é detida pelo grupo francês Vinci. A
Ryanair defende que o Governo "deve intervir e garantir" que os
aeroportos - "uma parte crítica da infraestrutura nacional,
especialmente numa região insular como os Açores - sirvam para
beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês".Já
a ANA disse na quinta-feira que o anúncio foi "uma surpresa” e que “as
recentes conversas” estavam “orientadas no sentido de aumentar, e não
reduzir” a oferta."As taxas aeroportuárias
em vigor nos Açores, as mais baixas da rede”, ficaram inalteradas em
2025, “não tendo a ANA proposto qualquer aumento para 2026”, diz a
concessionária, acrescentando que “essa redução de custo em termos reais
(isto é, retirando o efeito da inflação) não pode assim justificar a
mudança de posição da companhia”.A ANA
disse que mantém o diálogo aberto com a Ryanair “para identificar, além
do conhecido posicionamento de comunicação da companhia, quais terão
sido os elementos novos de contexto”.A
empresa mantém ainda "uma colaboração estreita com o Governo Regional do
Açores e entidades do turismo para assegurar a melhor conectividade
aérea” de e para a região, “com a Ryanair e com os outros operadores”.As rotas operadas pela Ryanair entre Ponta Delgada, Lisboa e Porto são também operadas pela SATA e pela TAP, lembrou.