APAV apoiou quase 30 mulheres e raparigas vítimas de violência por dia em 2021
25 de nov. de 2022, 16:23
— Lusa/AO Online
No
Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a
associação divulgou o seu Relatório de Estatísticas sobre Violência
Doméstica e Vítimas no Feminino, que regista 19.846 crimes de violência
doméstica no ano passado.Considerando que
“o crime de Violência Doméstica deve abranger todos os atos que sejam
crimes e praticados neste âmbito”, a APAV contabiliza-os quer em sentido
estrito quer em sentido lato.Segundo o
relatório, a APAV atendeu naquele ano 9.275 vítimas de violência
doméstica (82,3% do sexo feminino e 15,5% do masculino), cerca de 45%
das quais tinha entre 26 e 55 anos.No caso
das primeiras, 618 eram crianças e jovens, 51,3% das quais tinha entre
11 e 17 anos, sendo a ameaça/coação o crime mais denunciado.Este
é igualmente o crime mais referido pelas “5.072 mulheres adultas” que
recorreram à APAV (29,2% entre 36 e 45 anos), enquanto as 904 mulheres
idosas (26% entre 70/74 anos) queixaram-se sobretudo de injúrias e
difamação.Os agressores são
maioritariamente do sexo masculino (67%) e “em 55% dos casos a relação
entre vítima e o agressor era de intimidade (22,1% entre cônjuges, 12,1%
companheiros, 10,3% ex-companheiros, 4,3% ex-namorados, 4,4%
ex-cônjuges e 2,1% entre namorados)“.As
estatísticas mostram uma prevalência da vitimação continuada (58%),
sendo que em 28% dos casos a vítima recorreu ao apoio da APAV entre dois
a seis anos após o início das agressões. O
relatório indica ainda que cerca de 80% das 9.275 vítimas de violência
doméstica é de nacionalidade portuguesa, destacando-se como distritos de
residência Lisboa (22%), Faro (17,5%) e Porto (13,7%). Em
63,1% dos casos o local da prática do crime foi a residência comum
entre vítima e autor e em 46,5% foi apresentada queixa às autoridades
competentes, a maior parte à PSP (47,4%).A
maioria das queixas é feita por telefone (61,9%), representando o
atendimento presencial 18,3%, de acordo com a associação, que assinala
que em 51,3% dos casos o contacto foi feito pela vítima e em cerca de
49% por um terceiro.A APAV registou o ano
passado 5.816 crimes de ameaça/coação, 5.299 de maus tratos físicos,
4.971 de injúrias/difamação, 1.105 de perseguição, 528 de maus tratos
psíquicos, 194 de natureza sexual e 57 de sequestro. São ainda referidos
941 outros crimes de violência doméstica em sentido estrito.Em
relação aos crimes de violência doméstica em sentido lato, que
representam 4,71% do total, a associação contabilizou 286 casos de
violação do domicílio ou perturbação da vida privada, 264 de devassa da
vida privada/gravações ou fotografias ilícitas, 194 de violação de
correspondência/telecomunicações, 42 crimes sexuais e 36 casos de
ofensas graves à integridade física, entre outros.