"Classifico com uma só palavra aquilo que acabei de ouvir: foi um exercício de um ato de chantagem", declarou Mário Nogueira.O
líder da Fenprof falava em Ponta Delgada, nos Açores, onde participou
numa conferência, de que se ausentou momentaneamente para assistir via
televisão - ladeado pelo secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos - à
comunicação ao país do chefe do Governo.Mário
Nogueira sustentou que "foi sob chantagem" que os professores passaram
"mais de ano e meio a reunir-se com o Governo sobre esta matéria", e
neste tempo, "manifestando um elevadíssimo profissionalismo", foi
conseguido baixar o insucesso escolar, entre outros aspetos positivos. "O
prémio que o Governo de António Costa, do PS, tem para os professores
do continente é discriminá-los da generalidade da função pública no país
e dos seus colegas na Madeira e dos Açores", prosseguiu o sindicalista.
O primeiro-ministro afirmou hoje que
comunicou ao Presidente da República que o Governo demitir-se-á caso a
contabilização total do tempo de serviço congelado dos professores seja
aprovada em votação final global."Ao
Governo cumpre garantir a confiança dos portugueses nos compromissos que
assumimos e a credibilidade externa do país. Nestas condições, entendi
ser meu dever de lealdade institucional informar o Presidente da
República [Marcelo Rebelo de Sousa] e o presidente da Assembleia da
República [Ferro Rodrigues] que, a aprovação em votação final global
desta iniciativa parlamentar forçará o Governo a apresentar a sua
demissão", declarou António Costa. Esta
advertência foi feita pelo chefe do governo numa declaração ao país,
depois de ter estado reunido cerca de 40 minutos com Marcelo Rebelo de
Sousa, na sequência da crise política aberta com a aprovação pelo
parlamento, com o voto contra apenas do PS, da recuperação do tempo
total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de
progressões.