António Costa defende na ONU "novo contrato social para a educação"
20 de set. de 2022, 10:00
— Lusa/AO Online
António Costa
falava na cimeira "Transformar a Educação", iniciativa convocada pelo
secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António
Guterres, que antecede o debate geral anual entre chefes de Estado e
Governo dos 193 países membros da ONU.Numa
intervenção em português, de cerca de sete minutos, o primeiro-ministro
salientou que "o direito a uma educação de qualidade, inclusiva e
equitativa é ainda negado a centenas de milhões de crianças e jovens
adultos" e que a pandemia de covid-19 "exacerbou estas desigualdades".Depois,
António Costa referiu que "a multiplicação de situações de emergência
cria desafios acrescidos, pelo que devem constituir uma prioridade
absoluta", e afirmou que "Portugal tem dado particular atenção a esta
dimensão".O primeiro-ministro destacou o
programa de bolsas de estudo para estudantes sírios criado pelo antigo
Presidente da República Jorge Sampaio, que morreu em setembro do ano
passado, e o mais recente acolhimento em Portugal de crianças e jovens
fugidos à guerra na Ucrânia."Garantimos a
continuidade dos estudos superiores aos refugiados hoje da Ucrânia que
solicitaram proteção temporária em Portugal. Acolhemos milhares de
crianças oriundas da Ucrânia e temos procurado soluções inovadoras para
garantir o seu acesso à educação e a sua inclusão, alargando agora as
possibilidades criadas nos últimos anos tínhamos desenvolvido para o
acolhimento dos refugiados da Síria", apontou."E
concentrámos o nosso apoio à reconstrução da Ucrânia precisamente no
setor da Educação, através de recuperação de escolas destruídas pela
guerra", acrescentou o primeiro-ministro – que manifestou esta
disponibilidade ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, quando
visitou Kiev em maio.António Costa
defendeu que, "por todas estas razões", é necessário "um novo contrato
social para a educação", que "promova o direito à educação de qualidade
ao longo da vida e reforce a educação como um bem público e um bem
global comum"."Uma educação humanista e de
qualidade, para todos, em todas as fases da vida. Uma educação aberta
ao mundo, à diversidade, ao multilinguismo, à globalização e ao digital.
Uma educação inclusiva e equitativa", prosseguiu.O
primeiro-ministro manifestou apoio às posições da UNESCO, agência para a
educação, ciência e cultura das Nações Unidas, sobre esta matéria,
contidas no relatório "Os Futuros da Educação", no qual realçou que
"Portugal esteve diretamente envolvido"."Uma resposta concertada da comunidade internacional é urgente e imperiosa para ultrapassarmos os desafios atuais", apelou.No
plano interno, António Costa mencionou que o currículo escolar foi
reforçado "em três pilares – competências para o século XXI, inclusão e
cidadania – num total alinhamento com os objetivos do desenvolvimento
sustentável".No plano internacional, disse
que "Portugal tem assumido um papel ativo em matéria de educação" na
UNESCO e esteve envolvido na preparação desta cimeira, à qual levou
alunos e professores de escolas portuguesas.O
primeiro-ministro começou o seu discurso citando o ditado africano
segundo o qual "é preciso uma aldeia para educar uma criança",
convocando todos para cumprir o acesso à educação inclusiva e de
qualidade, o 4.º objetivo de desenvolvimento sustentável das Nações
Unidas."Esta cimeira constitui uma manifestação exemplar do multilateralismo inclusivo e participativo", elogiou.