Antiviral Remdesivir revela-se eficaz no combate à doença
Covid-19
25 de mai. de 2020, 17:39
— Lusa/AO Online
Segundo um comunicado hoje divulgado pelo Instituto Catalão de Saúde
foi o Hospital Germans Trias, também conhecido como Can Ruti, que
coordenou o estudo em Espanha. O `New
England Journal of Medicine´ publicou os resultados deste estudo
internacional com este medicamento, que, de acordo com os
investigadores, reduziu em 31% o tempo de hospitalização dos pacientes
com Covid-19. Os resultados do estudo
realizado com o antiviral Remdesivir indicam que este medicamento é mais
eficaz se for administrado a pacientes com pneumonia que apresentam
falta de oxigénio, mas que ainda não necessitam de ventilação mecânica.
Apoiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos
Estados Unidos (IAID), o ensaio internacional teve a participação de 68
centros hospitalares, dos quais 47 são dos Estados Unidos e 21 da Europa
e Ásia. Os dados preliminares do estudo
foram divulgados em 29 de abril, quando os cientistas verificaram que o
uso do Remdesivir, um antiviral de uso hospitalar inicialmente projetado
contra o Ebola, trazia benefícios claros para os pacientes, pelo que
consideraram que era antiético não avançar com a experiência. Agora, o `New England Journal of Medicine´ publica os dados do estudo após ser analisado por outros cientistas independentes.
No total, 1.059 pessoas participaram do estudo, das quais 538 receberam
Remdesivir e 521 apenas placebo, por um período de 10 dias.
O estudo foi "duplo-cego", o que significa que nem os pesquisadores nem
os pacientes sabiam se estavam recebendo Remdesivir ou apenas placebo.
O grupo que recebeu Remdesivir recuperou num prazo 31% menor do que o
grupo que recebeu placebo, reduzindo em quatro dias - de 15 para 11 - a
permanência no hospital. Ao dividir os
pacientes em subgrupos, a melhoria na saúde ocorreu principalmente em
pacientes que tinham falta de oxigénio no sangue (insuficiência
respiratória), mas não necessitavam de respiração mecânica.
"Os resultados salientam a necessidade de identificar os casos de
covid-19 o mais rápido possível, para que o tratamento antiviral possa
ser acompanhado e iniciado antes que a doença pulmonar progrida tanto
que seja necessária ventilação mecânica invasiva", explicou Roger
Paredes, coordenador do estudo em Espanha.
O Hospital Clínic de Barcelona também colaborou no ensaio, através de
José Muñoz, chefe do Serviço Internacional de Saúde e pesquisador do
ISGlobal, promovido pelo grupo financeiro La Caixa.
O artigo clínico aponta também que o grupo de pacientes que recebeu o
medicamento registou uma redução de 30% nos casos de mortalidade,
segundo dados recolhidos 14 dias após o início do estudo.
Em relação aos efeitos adversos graves, 21,1% das pessoas que receberam
o medicamento experimentaram esses efeitos, em comparação com 27% no
grupo placebo.Os autores da experiência
sublinham contudo que os resultados do estudo apoiam o uso de Remdesivir
em pacientes hospitalizados por covid-19 e que necessitam de oxigénio
suplementar, mas que o Remdesivir não é suficiente por si só para curar
esta doença."A mortalidade ainda é alta,
por isso é preciso continuar a trabalhar. Agora, temos um medicamento
que funciona, embora tenha efeitos moderados e precisamos procurar
outros medicamentos que possamos combinar para obter resultados ainda
melhores", destacou Roger Paredes. O
mesmo responsável vincou contudo que "é um ponto de partida" ter "o
primeiro medicamento que demonstra eficácia", o que dará "muitas pistas"
para futuras estratégias contra a SARS-CoV-2.
Atualmente, aguarda-se a finalização das últimas visitas de
acompanhamento e a análise dos dados de mortalidade dos 1.063 pacientes
inscritos, passados 28 dias desde a sua inclusão no estudo, devendo
estes dados alargados motivar nova divulgação.