Antigo presidente do parlamento dos Açores defende círculo eleitoral próprio para o PE
14 de mar. de 2019, 17:53
— Lusa/AO Online
Reis
Leite - que também desempenhou funções governativas em executivos
sociais-democratas nos Açores como secretário regional e de dirigente do
PSD - considerou que “esta medida é fundamental”, numa primeira fase
porque a Europa tem “cada vez um maior peso no futuro” das regiões
ultraperiféricas.“Os Açores, a Madeira e
as Canárias, entre outras regiões ultraperiféricas têm problemas
políticos específicos na UE, sendo imprescindível que tenham
representação no Parlamento Europeu por parte de quem conhece o
assunto”, declarou o historiador, que destacou que a maneira de garantir
esta presença “não é com as boas ou más vontades dos partidos a nível
nacional”.Tradicionalmente, os Açores
conseguem colocar em lugar elegível para o Parlamento Europeu, através
das listas nacionais do PS e PSD, dois deputados, mas o líder nacional
dos social-democratas, Rui Rio, colocou o candidato indicado pela
direção regional do partido, Mota Amaral, em oitavo lugar, que, a
avaliar pelas sondagens, não é elegível.O
líder regional do PSD/Açores, Alexandre Gaudêncio, depois da
indisponibilidade manifestada pelo antigo presidente da Assembleia da
República, acabou por rejeitar o lugar dos Açores, admitindo não fazer
campanha eleitoral pelo partido. Para Reis
Leite, como não existem partidos regionais, que são proibidos pela
Constituição da República, a solução é “encontrar mecanismos
constitucionais que garantam a representatividade política da Região
Autónoma dos Açores”. O antigo deputado
pelo círculo dos Açores à Assembleia da República considera que os
órgãos de governo próprio da região, parlamento e executivo, “têm como
obrigação pressionar o Estado para alterar este bloqueio político das
regiões autónomas, em nome do interesse nacional”."É
preciso catequizar o Estado. Uma vez que a integração europeia remeteu
os Açores e a Madeira para a condição de regiões ultraperiféricas, que
possuem regras e disposições políticas específicas no Tratado Europeu, é
de todo do interesse nacional que haja uma representação política
direta das regiões autónomas portuguesas”, declarou.Confrontado
sobre se os partidos nacionais como o PS e PSD, que reúnem a maioria de
dois terços para promover uma revisão constitucional, estariam abertos a
uma solução deste género, Reis Leite refere que estas questões “não se
resolvem de um dia para o outro” e este “interesse regional e nacional
já devia ter sido acautelado em tempos melhores do que os atuais”.Reis
Leite espera que este episódio “sirva de lição”, devendo-se “trabalhar
politicamente para que este problema se resolva numa futura revisão
constitucional, quando esta se puder realizar”.