Antiga fábrica de álcool virou centro de artes premiado na Ribeira Grande

22 de set. de 2016, 10:21 — Lusa/AO Online

  Para a diretora do Arquipélago, inaugurado a 29 de março de 2015, depois de uma fase em que o “extraordinário" projeto de arquitetura foi reconhecido internacionalmente, cabe agora também à programação afirmar-se cada vez mais. “Somos contactados diariamente”, afirma à agência Lusa Fátima Marques Pereira, destacando que este é um projeto que visa a criação, produção e difusão de arte contemporânea com uma programação cultural e artística que já vai na sua terceira exposição. Pela sua localização, no meio do Atlântico, o centro, na ilha de São Miguel, assume um papel fundamental na consolidação de uma identidade cultural/artística local pensada à escala global, considera a responsável. “A abertura do Arquipélago foi bastante importante para a Ribeira Grande, para os Açores. Estamos a falar na reutilização de uma fábrica do século XIX. Esta questão arquitetónica foi absolutamente excecional, tendo em conta a intervenção que os arquitetos fizeram neste espaço partindo de uma preexistência", frisa Fátima Marques Pereira. Com uma área útil de seis mil metros quadrados, a reabilitação desta antiga fábrica custou 13 milhões de euros, numa iniciativa do Governo Regional. Apesar da sua juventude, com pouco mais de um ano, o equipamento cultural e artístico já é visto como um caso de sucesso no mundo das artes, recebendo uma média diária de 38 visitantes. “Isto significa que as pessoas vêm propositadamente visitar o Arquipélago”, acrescenta a diretora, assegurando que a grande preocupação do centro é envolver a comunidade e as escolas na arte e cultura contemporâneas. O Arquipélago “já passou os muros” da antiga fábrica do álcool e chegou ao estabelecimento prisional de Ponta Delgada, onde têm sido desenvolvidos projetos, refere. "Trabalhamos, também, com uma série de instituições académicas à escala global", adianta a diretora, antecipando um projeto transversal a todas as áreas disciplinares que o Arquipélago pretende levar a cabo em breve, com o propósito de ligar a ciência às artes e vice-versa. Ciclos de cinema, performances, fotografia, teatro, música, serviço educativo, residências artísticas, dança contemporânea e ‘workshops’ preenchem o leque da oferta cultural do espaço distinguido já neste ano de 2016 com o Prémio Fomento de las Artes e del Diseño (FAD) de Arquitetura. O Centro de Artes Contemporâneas foi, também, um dos quatro projetos portugueses premiados na X Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo. Em 2015, o centro foi incluído na lista dos 40 candidatos selecionados para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe 2015.