Antiga escola americana transformada em polo de empresas de informática
4 de set. de 2018, 14:41
— Lusa/AO Online
As
obras de requalificação da escola onde estudavam filhos de militares
americanos ainda não arrancaram, mas, segundo o Governo Regional dos
Açores, o projeto Terceira Tech Island já atraiu seis empresas.“Para
já temos seis empresas na Terceira e outras 10 a caminho”, adiantou, em
declarações à agência Lusa, o vice-presidente do Governo Regional, à
margem de uma visita ao edifício onde se irão instalar as empresas no
futuro.Em
janeiro de 2015, a administração norte-americana anunciou uma redução de
cerca de 500 militares na base das Lajes e o despedimento de cerca de
400 trabalhadores portugueses.A
redução do efetivo levou a que vários edifícios deixassem de ter uso,
como a escola, que recebia alunos do pré-escolar à universidade, e dois
bairros com cerca de 450 casas, junto à base, que neste momento são
propriedade do Governo Regional dos Açores. O
executivo açoriano quer substituir os postos de trabalho extinguidos
pelos norte-americanos por empregos na área da programação e das novas
tecnologias. O
projeto Terceira Tech Island prevê o apoio à formação de recursos
humanos na área e a cedência de sedes e habitações às empresas, que se
queiram instalar na Praia da Vitória.Na
antiga escola, fechada desde 2015, ainda são visíveis as mãos dos
últimos alunos norte-americanos pintadas nas paredes, na despedida da
ilha.Entrar no
edifício, em certas partes degradado, ainda transmite a sensação de
transporte para uma qualquer escola dos Estados Unidos.As
salas de aula serão agora transformadas em escritórios. O espaço terá
ainda uma sala de convívio, uma sala de formação, uma sala de exposições
e conferências, uma cantina e um ginásio, que transita da antiga
escola.Segundo
o executivo açoriano, o edifício com 5.200 metros quadrados terá
capacidade inicialmente para acolher 300 postos de trabalho, podendo
mais tarde receber até 1.000 funcionários.Junto
ao edifício, nos bairros Nascer do Sol e Pôr do Sol, existem 450 casas
disponíveis para acolher os programadores seniores das empresas, com a
condição de que integrem nos quadros programadores juniores locais.A
requalificação da escola e das casas, orçada em cerca de três milhões
de euros, está em fase de concurso e deverá estar concluída no final de
2019. Até lá é
a partir da sede da incubadora de empresas Praia Links, no centro da
Praia da Vitória, que estão instaladas três das seis empresas que se
fixaram no último ano na ilha Terceira. As restantes estão em edifícios
cedidos pelo município. Para
Luís Sousa, da ACIN - iCloud Solutions, instalada na Praia Links, com
cinco funcionários, as infraestruturas não foram o principal incentivo à
fixação nos Açores. “As instalações, no meio disto tudo, são o menos importante. O mais importante é existirem recursos”, frisou.O projeto Terceira Tech Island já formou 40 pessoas em programação e até ao final de 2019 estima atingir as duas centenas.Para
Luís Sousa, a ACIN não necessita de estar rodeada de grandes edifícios,
numa cidade grande, para desenvolver o seu trabalho, até porque a
empresa mãe está sediada há 20 anos na Madeira.“Neste
tipo de negócio, o lugar onde nós estamos não interessa. Desde que
tenha uma boa ligação à internet, uma boa infraestrutura, é tudo o que
precisamos para os processos crescerem”, apontou.A localização dos Açores é encarada mesmo como uma mais-valia pelo empresário.“Estamos
a quatro horas e meia de Boston. Se eu quiser ir ao MIT [Massachusetts
Institute of Technology], meto-me no avião e cinco horas depois estou no
MIT. Se calhar demoro mais tempo a chegar à Universidade da Beira
Interior. Havendo recursos humanos, o projeto é um sucesso”, sublinhou.