Ano-chave para futuro político de Rio, Cristas e Santana
2019
18 de dez. de 2018, 10:31
— Lusa/AO Online
O presidente do
PSD, que completará um ano de mandato em janeiro, teve um 2018 repleto
de tensões internas e já admitiu que o resultado das legislativas será
um “elemento nuclear” para avaliar uma recandidatura em 2020, embora
assegurando que a intenção é continuar.Nas
poucas entrevistas que deu desde que foi eleito, Rui Rio tem dito que o
PSD ainda não está em condições de vencer o PS, mas que no próximo
outono poderá disputar “taco a taco” a vitória com os socialistas.Vários
membros da direção já questionaram o hábito de o PSD trocar de
liderança sempre que há uma derrota eleitoral, com o próprio Rio a
lamentar que o presidente de um partido seja hoje “uma espécie de
diretor comercial”, que é mudado quando "não consegue vender o produto
com sucesso".Desde
a Festa do Pontal do PSD, no início de setembro, o discurso da direção
endureceu em relação aos críticos internos e Rio chegou a desafiar os
que “discordam estruturalmente” a seguirem as pisadas de Pedro Santana
Lopes, que abandonou em agosto o partido que já liderou e fundou um
novo, a Aliança.Mais
recentemente, quer Rui Rio, em reuniões internas, quer destacados
dirigentes têm, em sucessivas entrevistas, responsabilizado os críticos
internos pela dificuldade de passar a mensagem do líder, por eventuais
maus resultados eleitorais, e, até, nas palavras do vice-presidente
Castro Almeida, por um “suicídio coletivo” do PSD.Foi
logo no Congresso de consagração de Rui Rio que um dos candidatos à sua
sucessão deixou o alerta: o ex-líder parlamentar Luís Montenegro,
apontado como o que agrega mais apoios em caso de haver disputa da
liderança, avisou que não pedirá licença a ninguém se quiser concorrer
no futuro.De
forma mais ou menos explícita, outros nomes foram-se posicionando ao
longo de 2018, casos do ex-líder da JSD Pedro Duarte, do ex-líder da
distrital de Lisboa Miguel Pinto Luz ou do antigo assessor político de
Passos Coelho, Miguel Morgado. Paulo Rangel e Carlos Moedas são outras
‘reservas’ do partido, caso as eleições internas previstas para 2020
sejam antecipadas.O
nascimento de um novo partido na área do centro-direita – apesar de Rio
defender que o PSD tem de conquistar votos no centro-esquerda e na
abstenção – já levou quer Santana Lopes quer Assunção Cristas a
‘sonharem’ com uma espécie de ‘geringonça’ no outro lado do espetro
partidário.Substituir
a “frente de esquerda” que governa o país foi, aliás, a principal
mensagem de Pedro Santana Lopes no final do primeiro encontro partidário
que teve, precisamente com a líder do CDS-PP (o PSD ficará para o fim).Tal
como tem repetido Cristas ao longo dos últimos meses, também o antigo
primeiro-ministro defende que “quem tiver uma solução política com o
apoio de 116 deputados no parlamento” pode constituir Governo.No
início do ano, em março, a ex-ministra do Ambiente saiu, sem surpresas,
vitoriosa do 27.º congresso com a ambição de transformar o partido na
"primeira escolha" e na "grande casa do centro e da direita".Essa
“ambição” entrou no discurso líder centrista, mas foi sendo caldeada
com outro elemento: a tese do fim do voto útil. E tenta “cavar” as
diferenças com PSD e Aliança, comparando-os a partidos colaboracionistas
do PS.Afinal,
depois de o PS ter ficado, em 2015, em segundo lugar nas eleições,
atrás da coligação PSD/CDS, e ter conseguido formar Governo com uma
maioria de esquerda, com PCP, BE e PEV, Assunção tem apontado o discurso
para a criação do tal bloco de direita com pelo menos 116 deputados. E, em outubro, até teorizou sobre as dificuldades de uma maioria absoluta a sair das legislativas de 2019. “Não
é desejável”, afirmou a um grupo de jovens do Conselho Nacional de
Juventude Assunção Cristas que, ao contrário do PSD, tem um partido
pacificado, apesar das várias tendências internas organizadas, numa
altura em que o ex-líder Manuel Monteiro ensaia um regresso à
militância.Já
Rio, quando questionado sobre um cenário de um entendimento à direita,
fez questão de distinguir o CDS – “um parceiro natural” – da Aliança,
dizendo não saber ainda bem o que é o partido de Santana Lopes.As
primeiras eleições a disputar no próximo ano serão as europeias, em 26
de maio, e, no centro-direita, só o PSD ainda não anunciou o seu cabeça
de lista, havendo a dúvida se irá repetir a aposta de Paulo Rangel,
número um dos sociais-democratas ao Parlamento Europeu em 2009 e 2014.Para
as europeias, em que o CDS candidata Nuno Melo, o partido de Assunção
Cristas fixou a meta: duplicar o número de eleitos, recuperando o
segundo eurodeputado para o PSD em 2014, em resultado do acordo de
coligação entre os dois partidos. A
Aliança anunciou no início de dezembro o assessor do Presidente da
República Paulo Sande como cabeça de lista às europeias, que em
entrevista à Lusa disse ambicionar eleger “três ou quatro eurodeputados”
naquele que será o primeiro ‘teste’ do novo partido.As
regionais da Madeira, que se realizarão em 22 de setembro (duas semanas
antes das legislativas), poderão ser outra eleição difícil para o PSD,
que sempre governou o arquipélago com maioria absoluta.Para
06 de outubro ficaram marcadas as eleições legislativas, o grande teste
dos vários partidos do centro-direita, numa altura em que todas as
sondagens apontam para uma confortável vitória do PS.