Angra do Heroísmo quer avançar com novo mercado municipal em 2020
23 de dez. de 2019, 10:08
— Lusa/AO Online
Inicialmente, o executivo camarário socialista
defendia a construção de um novo mercado municipal, com um parque de
estacionamento e uma central de camionagem, noutro local, mais afastado
do centro histórico da cidade, mas o projeto agora defendido prevê o
aproveitamento do espaço onde está instalado o atual. A
obra, orçada em cerca de 6,5 milhões de euros, poderá obrigar o
município a recorrer a um empréstimo bancário, se não for aprovada uma
candidatura a fundos comunitários. “É uma
questão que tem a ver com a evolução da receita e da despesa, portanto
essa é uma questão que ficou em aberto. Ficou dada a autorização da
assembleia municipal para se recorrer ao crédito, caso seja necessário,
mas é uma análise que tem de ser feita ao longo do tempo em função quer
da receita, quer da despesa”, adiantou, em declarações à Lusa, o
presidente do município, Álamo Meneses.Segundo
o autarca, a câmara municipal poderá recorrer à banca, porque tem uma
dívida de 12 milhões de euros, dos quais nove estão relacionados com
habitação social e são contratualizados com o Governo Regional.“Temos
cerca de quatro milhões de euros de dívida. Uma câmara considera-se
equilibrada quando o valor da dívida é próximo do valor orçamental. Nós
temos uma dívida que é uma sexta parte do nosso orçamento, portanto
temos uma dívida que não é de maneira nenhuma preocupante”, apontou.Entre
as principais obras previstas para 2020 estão também a reconstrução da
Igreja das Concecionistas, da Santa Casa da Misericórdia de Angra do
Heroísmo, e da Igreja dos Capuchos, da Irmandade de Nossa Senhora do
Livramento, no âmbito do Instrumento Financeiro para a Reabilitação e
Revitalização Urbanas (IFRRU).Com um
orçamento total de 25,8 milhões de euros (19,5 milhões para a câmara e
6,3 milhões para os serviços municipalizados), a autarquia de Angra do
Heroísmo mantém os valores cobrados nas taxas de derrama e de IMI, bem
como o tarifário de abastecimento de água e recolha de resíduos. “Pelo 9.º ano consecutivo não temos aumento de taxas”, frisou Álamo Meneses.Em
comparação com 2019, o orçamento da Câmara Municipal de Angra do
Heroísmo apresenta uma “redução preventiva de 500 mil euros”, devido à
isenção de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) no centro histórico
relativa ao ano de 2019.O orçamento do
município de Angra do Heroísmo foi aprovado em assembleia municipal com
os votos a favor do PS, a abstenção do PSD (que tinha votado
favoravelmente em reunião camarária) e os votos contra do CDS-PP.Segundo
o deputado municipal social-democrata Luís Rendeiro, o PSD viabilizou
novamente o orçamento, à semelhança do que tem acontecido desde o início
do mandato, porque considera que a ilha Terceira está a ser alvo de um
“bloqueio” da governação regional, que tem “impedido o seu
desenvolvimento económico e social”, sobretudo em matéria de
acessibilidades. “Entendemos, em vez de
nos esgotarmos na oposição pura e simples a um elenco camarário que teve
maioria absoluta e que podia decidir tudo sozinho no concelho, procurar
encontrar pontos de convergência e trabalhar para tentar resolver os
problemas que o concelho tem, tirando à governação socialista camarária e
regional todas e quaisquer desculpas para não fazer e não executar os
investimentos”, afirmou.O deputado
salientou que o PSD tem conseguido negociar e incluir propostas suas nos
documentos provisionais da autarquia, como a manutenção do mercado no
mesmo local, realçando ainda o facto de o executivo manter “contas
equilibradas”.Já Nuno Melo Alves, do
CDS-PP, justificou o voto contra com o facto de este orçamento não ter o
contributo dos centristas e com o facto de o PS ter deixado cair as
“bandeiras” que levaram à sua eleição, como a construção de um novo
mercado municipal noutro local e de uma central de camionagem. “Este
plano e orçamento não têm qualquer participação de monta ou relevante
nossa na medida que o possamos apoiar e assumi-lo como sendo também algo
que será nosso”, frisou.Ainda assim, os
centristas votaram a favor da manutenção das taxas aplicadas, alegando
que, “apesar de sacrificar receita para a câmara, justifica-se a
manutenção destes regimes mais favoráveis”, até porque ainda se fazem
sentir os efeitos da crise económica.