Autor: Lusa / AO online
Os dados constam do mais recente relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), que está a apoiar o combate à epidemia e a tentar travar o seu alastramento, sendo que a progressão aparenta estar agora a ser mais lenta em Angola.
Segundo o Ministério da Saúde de Angola, não foram registados casos em Luanda durante praticamente todo o mês de junho, tendo sido a capital o foco inicial da doença.
Entre 05 de dezembro e 01 de julho foram contabilizados 3.552 casos suspeitos de febre-amarela em Angola, 875 dos quais confirmados laboratorialmente. Das 355 mortes suspeitas, 117 foram igualmente confirmadas com testes laboratoriais.
O país regista casos suspeitos de febre-amarela em todas as 18 províncias, tendo sido realizadas campanhas de vacinação, além de Luanda, em Benguela, Huambo, Huíla, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Lunda Norte e Uige. Segundo a OMS, a campanha de vacinação será alargada a outras zonas afetadas pela epidemia.
A doença já se propagou de Angola à vizinha República Democrática do Congo (RDCongo), que regista 1.307 casos suspeitos e 75 vítimas mortais.
Também foram levados casos para o Quénia (dois) e a China (11), com a OMS a sinalizar a ameaça de propagação global da doença através de viajantes não imunizados contra a doença.
A Lusa noticiou anteriormente que a Cruz Vermelha Internacional lançou a 06 de julho um apelo de emergência para recolha de 1,2 milhões de euros de donativos para apoiar o combate à mais grave epidemia de febre-amarela em Angola nos últimos 30 anos.
O apoio, de acordo com uma nota da organização, pretende angariar o equivalente a 1,4 milhões de francos suíços, verba que servirá para apoiar a atividade da Cruz Vermelha angolana, nomeadamente na aquisição de vacinas e apoio direto nos cuidados de saúde e promoção de higiene a nove milhões de pessoas em Angola.
De acordo com a OMS, Angola já recebeu cerca de 14 milhões de vacinas contra a febre-amarela e vacinou mais de 11 milhões de pessoas desde fevereiro, numa população-alvo estimada em 24 milhões.
Aquela organização das Nações Unidas assumiu a 19 de junho que a resposta à epidemia de febre-amarela em Angola, que se propaga desde dezembro, levou pela primeira vez à rutura das reservas mundiais de emergência da vacina.
A Cruz Vermelha Internacional refere que "funcionários e voluntários" da estrutura em Angola estão a "trabalhar arduamente para apoiar campanhas de vacinação contra a febre-amarela", inclusive com visitas a casas e ações de sensibilização "porta a porta", concluindo que as "pessoas estão compreensivelmente ansiosas", devido à propagação da doença.
As campanhas de vacinação em Angola recorrem ao apoio dos militares e contam com ajuda financeira e técnica da OMS e da comunidade internacional, para a aquisição de vacinas, tendo arrancado em Luanda, foco da epidemia, nos primeiros dias de fevereiro.
A transmissão da doença é feita pela picada do mosquito (infetado) "aedes aegypti", que segundo a OMS, no início desta epidemia, estava presente, em algumas zonas de Viana, Luanda, em 100% das casas.
Trata-se do mesmo mosquito responsável pela transmissão da malária, a principal causa de morte em Angola, e que se reproduz em águas paradas e na concentração de lixo, dois problemas (época das chuvas e falta de limpeza de resíduos) que afetaram a capital angolana desde agosto passado.