Angela Merkel recebe prémio da ONU por proteção de refugiados
4 de out. de 2022, 16:32
— Lusa/AO Online
“Ao ajudar mais de um milhão
de refugiados a sobreviver e reconstruir as suas vidas, Angela Merkel
demonstrou grande coragem moral e política”, justificou o
alto-comissário da agência da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, em comunicado.Sob a liderança
da ex-chanceler, que esteve à frente do país entre 2005 e 2021, a
Alemanha recebeu mais de 1,2 milhões de refugiados e requerentes de
asilo, sobretudo nos anos 2015 e 2016, quando o conflito na Síria estava
no seu auge e a Europa viveu uma das maiores crises de imigração de
sempre.O prémio, atribuído anualmente, foi
batizado em homenagem ao explorador, cientista, diplomata e humanitário
norueguês Fridtjof Nansen e é concedido a uma pessoa, grupo ou
organização que tenha ido além do seu dever na proteção de refugiados,
deslocados internos ou apátridas.A então
chanceler pediu aos alemães que rejeitassem o nacionalismo e que fossem
“autoconfiantes e livres, compassivos e tivessem a mente aberta”.“Foi
uma situação que pôs à prova os nossos valores europeus como nunca. Não
foi nada de especial e nada mais do que um imperativo humanitário”,
afirmou Angela Merkel.No entanto, para
Filippo Grandi, o gesto demonstrou “grande coragem moral e política” e
muita determinação em “proteger os requerentes de asilo e defender os
direitos humanos, os princípios humanitários e o direito internacional”.Angela
Merkel “foi uma verdadeira líder, que apelou à nossa humanidade,
mantendo-se firme contra aqueles que pregavam o medo e a discriminação”,
justificou Grandi no comunicado.“Ela
mostrou o que pode ser alcançado quando os políticos tomam o rumo certo e
trabalham para encontrar soluções para os desafios do mundo, em vez de
simplesmente transferirem a responsabilidade para os outros”,
acrescentou.Além de proteger as pessoas
forçadas a fugir da guerra, de perseguições e abusos de direitos
humanos, a ex-chanceler desenvolveu esforços para que a Alemanha
conseguisse receber os refugiados e para os ajudar a integrarem-se na
sociedade, através de programas de educação e formação, empregos e
integração no mercado de trabalho, refere a agência da ONU.Além
disso, adianta ainda, a ex-chanceler também foi fundamental na expansão
do programa de realojamento na Alemanha, que ajudou a proteger dezenas
de milhares de refugiados vulneráveis.O comité do prémio Nansen 2022 para os Refugiados também homenageou quatro outros nomeados regionais.Em
África, o galardão foi atribuído ao Corpo de Bombeiros de Mbera, um
grupo de combate de incêndios composto por refugiados voluntários na
Mauritânia que extinguiu mais de 100 fogos florestais e plantou milhares
de árvores para preservar vidas, meios de subsistência e o meio
ambiente local.No continente americano, o
prémio foi para Vicenta González, cujos quase 50 anos de ajuda a
deslocados e outras pessoas vulneráveis incluíram o estabelecimento de
uma cooperativa de cacau na Costa Rica para apoiar refugiados e mulheres
da comunidade de acolhimento, incluindo sobreviventes de violência
doméstica.Na Ásia e Pacífico, foi
escolhida a organização humanitária Meikswe Myanmar, que ajuda
comunidades necessitadas, incluindo deslocados internos, com bens de
primeira necessidade, assistência médica, educação e oportunidades de
subsistência.Por fim, no Médio Oriente e
Norte da África, foi dado o prémio a Nagham Hasan, um ginecologista
iraquiano que presta assistência médica e psicossocial a meninas e
mulheres da minoria yazidi, que sobreviveram à perseguição, escravatura e
violência de género de grupos extremistas do norte do Iraque.O
prémio será entregue à ex-chanceler alemã e aos quatro vencedores
regionais em 10 de outubro, numa cerimónia a realizar em Genebra.