André Ventura vai recorrer da ordem de retirada de cartazes que visam ciganos
Presidenciais
Hoje 17:09
— Lusa/AO Online
"Nós
decidimos, ainda hoje, entre hoje e amanhã, submeter ao tribunal um
requerimento dando indicação de que vamos recorrer, porque está em causa
a liberdade de expressão e de ação política", disse o candidato aos
jornalistas na Praça Gomes Teixeira, no centro do Porto, antes de uma
ação de pré-campanha para as eleições presidenciais de 18 de janeiro.Para
André Ventura, a liberdade de expressão e ação política "entra
diretamente na campanha e afeta o desenrolar da campanha toda, e não é
ao tribunal que compete determinar como é que a campanha eleitoral segue
o seu caminho"."Isso é uma decisão grave e
irreversível nos seus efeitos, porque se os cartazes forem retirados
agora e ficarmos à espera do recurso, quando vier o recurso já acabou a
campanha eleitoral", argumentou.Questionado
sobre se o mesmo argumento não se aplica à ordem de retirada dos
cartazes, feitos precisamente no âmbito da campanha eleitoral, André
Ventura disse que é necessário "ver qual é o valor mais importante",
defendendo a liberdade de expressão e equiparando a situação ao caso dos
cartazes que visaram o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que
apontavam para "50 anos de corrupção"."Não
era uma etnia, não era uma raça, era uma pessoa. Bem ou mal, eu escolhi
pôr aquele cartaz. O primeiro-ministro meteu-me um processo e o
tribunal, em nome da liberdade da expressão, disse que gostando do
cartaz ou não, tem que ser preservada a liberdade de expressão",
recordou.Assim, para o líder do Chega, "o
primeiro-ministro tem que levar com a liberdade de expressão", mas "os
ciganos não porque ficam ofendidos na sua etnia".André
Ventura, que esta tarde já publicou um vídeo nas redes sociais a
substituir, nos seus cartazes, a palavra "ciganos" por "censura", negou
ainda que tenham sido retirados cartazes, falando num processo de
substituição normal das mensagens.O
candidato presidencial detalhou que irá pedir ao tribunal "que não torne
os efeitos da decisão imediatamente colocados em prática" por se tratar
de matéria que pode ir até ao Tribunal Constitucional."Ninguém
está a querer tirar a legitimidade ao outro. Os tribunais têm a sua
legitimidade, os candidatos também, como é o meu caso, e os partidos
também. Nós olhamos para a decisão, respeitamos a decisão, o que
solicitamos é que os seus efeitos entrem em vigor quando vier uma
decisão ou do tribunal de recurso, ou do Tribunal Constitucional",
disse. Na segunda-feira, o tribunal
condenou o Chega a retirar todos os cartazes da campanha presidencial de
André Ventura que visam a comunidade cigana, estipulando um prazo de 24
horas para que tal aconteça.Segundo a
sentença do Tribunal Local Cível de Lisboa, André Ventura foi condenado a
“retirar, no prazo de 24 horas, todos os cartazes que colocou na via
pública e nas diversas localidades do país com a menção “os ciganos têm
de cumprir a lei – André Ventura presidenciais 2026”.A
juíza Ana Barão condenou ainda Ventura “a abster-se de, no futuro,
determinar ou promover, direta ou indiretamente, a afixação de cartazes
de teor idêntico ou equivalente”.Por cada
dia de atraso, por cada cartaz que permaneça na via pública para além do
prazo de 24 horas definido pelo tribunal para a retirada, ou por cada
novo cartaz que possa vir a ser colocado, o líder do Chega terá de pagar
uma multa de 2.500 euros, ordenou ainda a sentença.