André Ventura defende uma “autonomia para o desenvolvimento”
Hoje 09:58
— Arthur Melo
O candidato, apoiado pelo Chega, à Presidência da República, André
Ventura, defendeu em Ponta Delgada que os Açores em particular, as
regiões autónomas em geral, precisam de ter uma “autonomia para o
desenvolvimento”. “Temos que ter autonomia para que quem vive nessas
autonomias sinta hoje que aí vale a pena desenvolver-se, investir,
estudar, criar, residir, ter família, olhar o futuro. É este compromisso
que eu faço com a Região Autónoma dos Açores (RAA): vencendo as
eleições, tudo farei para garantir que esta autonomia é melhor
executada, que as relações com a República serão sempre de respeito,
soberania, de laços de solidariedade e, sobretudo, de olhar o futuro”,
afirmou o candidato presidencial ao ato eleitoral do próximo dia 18 de
janeiro de 2026.André Ventura, que ontem à noite esteve num jantar
comício com simpatizantes do Chega Açores, visitou a sede do partido em
Ponta Delgada onde expôs as suas ideias para os Açores e na presença dos
dirigentes nacionais, regionais e locais deixou bem claro o seu
compromisso com uma “melhor autonomia” para promover “mais
desenvolvimento” aos Açores. Em primeiro lugar, destacou o
candidato, o compromisso de zelar, na futura revisão da Lei de Finanças
das Regiões Autónomas (LFRA), para que este mecanismo legislativo deixe
de ser “um entrave grande” ao seu desenvolvimento. “A LFRA que
temos, assegura hoje uma penalização maior à RAA do que um benefício.
Assegura um encargo maior à RAA do que a garantia da solidariedade
inter-regional. E isso está errado”, vincou André Ventura durante a sua
intervenção. O presidente do Chega fez notar que o “Presidente da
República não legisla a LFRA, mas o Presidente da República pode ter uma
palavra a dizer sobre a ligação entre a finança pública da República e a
finança pública das regiões”, sublinhando que “podem contar comigo para
fazer a mudança e a transformação que temos que fazer neste país. E
essa mudança e essa transformação não é apenas uma questão de natureza
fiscal ou financeira, ainda que tenha impactos nestas dimensões no IVA,
nas finanças regionais, na habitação, na justiça; é uma mudança
transversal que nós temos que produzir”, disse André Ventura, recordando
que o Chega Açores tem-se batido “permanentemente” por uma alteração da
lei. Também a figura de Representante da República mereceu atenção
na sua alocução, fazendo notar aquela que é a posição pública há muito
assumida pelo partido. “Não porque tenhamos nada contra os
representantes da República, ou pela pessoa em si; é porque queremos
menos cargos e melhor autonomia. E se queremos melhor autonomia, e se
essa melhor autonomia se consegue sem esses cargos, então esses cargos
não fazem falta”, afirmou André Ventura, sustentando a sua posição com o
argumento de que o cargo apenas serve “para garantir um paradigma
desatualizado, do ponto de vista constitucional, político e, sobretudo,
de desperdício financeiro”. “Não devemos desperdiçar recursos;
devemos concentrá-los naquilo que importa”, rematou o candidato que se
compromete “com melhor autonomia e com mais aprofundada autonomia” para
os açorianos.Aos jornalistas, André Ventura não deixou de partilhar a
sua indignação com o facto de, também em Ponta Delgada, ter constatado
o “abandono, a deterioração de edifícios públicos, a destruição de
património que devia estar à disposição do serviço público e da
orientação pública”. O candidato deixou ainda críticas ao atual
titular do cargo a que se candidato, Marcelo Rebelo de Sousa, mas também
ao seu antecessor, Cavaco Silva, presidentes que, no seu entender,
olharam para os Açores e a Madeira “como adereços”. “Um com prática
indiferença, que foi o Aníbal Cavaco Silva, e o outro, Marcelo Rebelo de
Sousa, que praticamente usou os Açores para fazer visitas pontuais e
para poder marcar zonas do território como se fossem zonas esotéricas
para assinalar no calendário. A RAA não é uma região esotérica para
assinalar no calendário! É uma região de Portugal que tem que ter
direito à dignidade, ao desenvolvimento e à promoção do crescimento”,
reiterou.A fechar, André Ventura defendeu que Portugal - e em
particular os Açores - precisam “de um Presidente que lidere essas
transformações e assegure que há os recursos necessários para que haja
efetivos policiais nos Açores, para que haja habitação suficiente também
nos Açores, para que a justiça funcione também nos Açores, para que o
estabelecimento prisional funcione e não esteja absolutamente degradado.
Precisamos de um Presidente da República que assuma a plenitude das
suas funções e assuma a sua capacidade de intervenção” no país e nas
suas duas regiões autónomas, reiterou o candidato presidencial.