André Ventura acusa Ferro de o mandar calar e pede audiência urgente a Marcelo
12 de dez. de 2019, 18:09
— Lusa/AO Online
O
parlamentar de extrema-direita declarou que espera ainda hoje um pedido
de desculpa formal por parte do segundo magistrado da nação, em
declarações nos passos perdidos do Palácio de São Bento.Antes,
o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, advertiu o
deputado do Chega por utilizar com "demasiada facilidade" as palavras
"vergonha" e "vergonhoso" nas suas intervenções, acrescentando que é
algo de desrespeita o parlamento e o próprio."Os
factos que hoje ocorreram nesta casa são de uma tremenda e
extraordinária gravidade. Além de o Presidente da Assembleia da
República, a segunda figura do Estado português, ter mandado calar um
deputado eleito por um partido e pelo povo português, não lhe permitiu
depois o direito ao exercício da defesa da honra, quebrando e quartando
esse direito", lamentou Ventura.Ventura
estava a intervir no debate sobre a remoção de amianto de edifícios
públicos e terminou discurso com críticas ao Governo por ter verbas para
subvenções vitalícias, mas não as despender para a remoção daqueles
materiais perigosos.Em seguida, o tribuno
do Chega pediu a palavra para "defesa da honra", dizendo que um deputado
pode utilizar "as expressões que entende" em nome "da liberdade de
expressão", mas o presidente da assembleia respondeu, interrompendo-o,
que "não há liberdade de expressão quando se ultrapassa a liberdade dos
outros"."O Presidente da Assembleia da
República manda calar quem ele quiser, no PS, na casa dele, como ele
entender. O Chega não se vai calar nem perante o presidente da
Assembleia da República nem por nenhuma outra figura do PS", assegurou.Ventura
disse que o Chega pesquisou quantas vezes a palavra "vergonha" foi
utilizada noutras legislaturas e chegou à conclusão de que foi "imensas,
de todos os partidos, desde o BE ao PS" e queixou-se ainda de a
deputada bloquista Joana Mortágua, no mesmo debate parlamentar, ter
recorrido, em seguida, à mesma expressão e de não ter sido alvo de
qualquer sanção por parte de Ferro Rodrigues."Dada
a gravidade destes factos, que é enorme, o Chega vai pedir ao
Presidente da República uma audiência urgente, atendendo ao que se
passou hoje e porque está em causa, verdadeiramente, o regular
funcionamento das instituições", anunciou Ventura.O
deputado do Chega afirmou ainda ter recebido diversas manifestações de
solidariedade de outros deputados e da sociedade civil em geral em face
do episódio e sublinhou que é a democracia que fica em causa, pois o
presidente da Assembleia da República não pode definir que palavras os
parlamentares utilizam.