Anafre lamenta falta de informação sobre o processo de desagregação de freguesias
20 de dez. de 2024, 16:15
— Lusa/AO Online
O
Grupo de Trabalho – Freguesias, no âmbito da comissão parlamentar do
Poder Local e Coesão Territorial validou 124 processos de desagregação
de uniões de freguesia, depois de analisar 188 pedidos.“Este
grupo de trabalho, efetivamente, honrou o seu compromisso de, até
dezembro, ter o processo terminado no âmbito do grupo de trabalho. E,
portanto, aí há que também, de alguma maneira, agradecer o envolvimento e
o trabalho que foi efetuado nestes meses que estão no mandato”,
sublinhou Jorge Veloso, presidente da Anafre.No entanto, segundo a associação, há que “lamentar a falta de informação desde que esta Assembleia da República está instalada”.“Desde
essa altura e até hoje não tivemos, por parte da comissão do Poder
Local e Coesão Territorial, qualquer informação sobre as condições e em
que situação estavam as propostas. Entendemos que a Anafre deveria ter
sido informada, porque a Anafre foi parceira do Governo e da ANMP
[Associação Nacional de Municípios Portugueses] na construção desta
lei”, destacou.“Mesmo agora, nesta última
fase de apreciação dos processos, por incrível que pareça, quando a
comunicação social toda tinha os resultados, nós não tínhamos, ainda
hoje não temos. A esta hora que estou a falar consigo, a Anafre não
recebeu rigorosamente nada oficialmente da 13,ª comissão”, acrescentou.O
conselho diretivo da associação reuniu-se hoje em Lisboa e decidiu que
se pronunciará mais concretamente apenas quando tiver acesso ao
relatório, mas, segundo Jorge Veloso, “parece que desta vez há
condições” para estas autarquias aprovadas fazerem parte do novo mapa
autárquico para 2025.“No início de janeiro
estamos a oito meses do ato eleitoral. Portanto, se tudo correr como
previsto, estão criadas as condições, com certeza, para que pelo menos
essas cerca de 270 freguesias possam já fazer parte do novo mapa
autárquico para 2025”, afirmou.O novo mapa administrativo tem de estar concluído até seis meses antes das autárquicas, que vão decorrer em setembro ou outubro.Se
os prazos previstos forem cumpridos, 08 de janeiro de 2025 será a
data-limite para a entrega, pelos partidos políticos, das iniciativas
legislativas para a desagregação das freguesias, que poderão ser
discutidas e votadas em sessão plenária no dia 17 de janeiro.Depois
da votação dos projetos de lei para desagregação das freguesias, a
Anafre espera ser chamada “para dar o seu parecer de como deve ser
constituída a comissão instaladora” das novas autarquias, disse.A
associação destacou ainda que o processo poderia ter sido mais rápido
e, nesse sentido, culpa o grupo de trabalho do anterior mandato
legislativo, que “empurrou o processo com a barriga”.“A minha opinião é que não tinham vontade de que o processo avançasse”, disse Jorge Veloso.A
lei de criação, modificação e extinção de freguesias dava um ano após a
sua entrada em vigor, em 21 de dezembro de 2021, para que as autarquias
agregadas em 2013 pedissem a reversão do processo ao abrigo de um
mecanismo transitório especial e simplificado, mas houve dúvidas acerca
de qual era o procedimento concreto que deveria estar concluído até 21
de dezembro de 2022.Segundo um parecer
adotado pela comissão do Poder Local, só cumpriram o prazo do mecanismo
especial os pedidos de desagregação cujas deliberações das respetivas
assembleias municipais ocorreram até ao dia 21 de dezembro de 2022,
mesmo que a data de entrada na Assembleia da República tenha sido
posterior.A Anafre tinha um entendimento
diferente e apresentou um parecer que considerava a data de 21 de
dezembro de 2022 como sendo referente ao prazo limite para o inicio do
processo para pedir a desagregação.Quanto
aos processos que entraram posteriormente a 21 de dezembro de 2022, a
comissão parlamentar decidiu criar um outro grupo de trabalho para que
sejam analisados, mas ao abrigo do regime geral previsto na lei e já não
ao abrigo do mecanismo simplificado.Em 2013, Portugal reduziu 1.168 freguesias, de 4.260 para as atuais 3.092, por imposição da ‘troika’ em 2012.