Anafre/Açores pede “amplo entendimento” sobre voto dos presidentes de junta nas AM
13 de ago. de 2024, 09:06
— Lusa/AO Online
Num
comunicado enviado à agência Lusa, a Anafre/Açores salienta que os
presidentes das juntas de freguesia são membros das AM por inerência,
sendo “titulares dos mesmos direitos e deveres no exercício de funções
de membro” daquele órgão autárquico.“Exige-se
rapidez, um amplo entendimento político e partidário, ponderação e bom
senso, em defesa dos interesses das pessoas”, lê-se no documento.Em
causa está um despacho interpretativo da Direção-Geral da Administração
Local (DGAL), no qual considerou que os autarcas de freguesia com
funções nas AM estão impedidos de votar decisões relacionadas com a
freguesia que representam, nomeadamente contratos interadministrativos
de delegação de competências, por existir “potencial conflito de
interesses”.O presidente da Anafre nos
Açores, Manuel António Soares, lembra que a DGAL é, “nos termos legais,
um serviço central do ministério no qual se insere”, não tendo
“competência para emitir pareceres ou orientações vinculativas para as
autarquias locais”.“Lançada a confusão na
opinião pública, interessa a sua rápida clarificação, pois as Juntas de
Freguesia e os seus presidentes não podem estar sob permanente suspeita,
quando atuam na defesa dos interesses das suas freguesias”, defende.A
delegação regional da Anafre lembra que o Governo “anunciou que vai
pedir um parecer ao conselho consultivo da Procuradoria-Geral da
República (PGR)”, mas defende que a questão deve ser clarificada com uma
lei interpretativa do regime jurídico de funcionamento dos órgãos dos
municípios e das freguesias.“A melhor
maneira de clarificar a questão suscitada não é, a nosso ver, a emissão
de um parecer por parte do conselho consultivo da PGR, mas a aprovação
pela Assembleia da República de uma lei interpretativa da Lei nº 169/99,
de 18 de setembro”, advoga.A nível
nacional, a 01 de agosto, a Anafre já tinha repudiado “qualquer
tentativa de impedimento” de voto dos presidentes de Junta de Freguesia
com inerência de funções nas assembleias municipais “em igualdade de
circunstâncias” com os restantes elementos deste órgão autárquico.Também
a Associação Nacional de Autarcas do Partido Socialista (ANA-PS) e os
Autarcas Social-Democratas (ASD) já defenderam a reversão do
entendimento da DGAL sobre a incompatibilidade de os presidentes de
junta poderem votar contratos interadministrativos que digam respeito à
sua freguesia.A ANA-PS e os ASD pediram ao
Governo a revogação do despacho, alertando que a interpretação da DGAL
pode levar a que contratos interadministrativos celebrados e já
aprovados entre câmaras e juntas de Freguesia, nomeadamente relacionados
com a descentralização de competências, “possam ser anulados”.As
posições das associações de autarcas surgem depois de uma notícia o
Jornal de Notícias dar conta da possibilidade de milhares de contratos
interadministrativos com as juntas estarem em risco de serem
contestados, por terem tido o voto do respetivo autarca, após um caso
concreto verificado na AM do Porto.