Ana Loura recuperou dos cuidados intensivos mas ficou com sequelas
Covid-19
15 de mai. de 2020, 09:20
— Lusa/AO Online
Reformada
da profissão de técnica de telecomunicações aeronáuticas na empresa NAV
na Ilha de Santa Maria e ativista envolvida em várias causas
sociais e culturais naquela ilha, saiu dos Açores no dia 17 de
fevereiro, para estar presente no Correntes D’Escritas de 19 a 22 de
fevereiro. Ana Loura esteve internada na unidade de
infecciologia do Centro Hospitalar Universitário do São João, no Porto,
tendo estado também nos cuidados intensivos.
“A memória. Já tenho 67 anos e a memória já não é o que era [quando era
mais nova], mas piorei muito” depois do internamento, disse.O
aparecimento de um nódulo num dos pulmões que desconhecia antes de
sofrer de Covid-19 e uma queda abundante do cabelo são outras das
sequelas que Ana Loura disse estar a verificar depois da alta hospitalar
da Covid-19, a 5 de abril. “O meu
cabelo embranqueceu de um dia para o outro. Já era grisalho, mas agora
está predominantemente branco”, contou, referindo que também continua a
sentir “muito cansaço”.Ana Loura sobreviveu à Covid-19 depois de ter entrado no dia 12 de março no São João e só ter tido alta a 5 de abril.Questionada pela Lusa sobre se
estaria disponível para participar num estudo científico sobre as
sequelas que a Covid-19 deixa nos doentes recuperados, respondeu que
está disponível.“Claro que sim. Devo isso
ao resto do universo. Aliás, já me inscrevi naquele programa de recolha
de plasma. Eu acho que temos a obrigação de estar disponíveis para
colaborar naquilo que for preciso”, assumiu.Em
entrevista recente à agência Lusa, o diretor do Serviço de
Infecciologia do São João, António Sarmento, admitiu poder-se avançar
com um estudo científico sobre as sequelas que a Covid-19 deixou nos
doentes recuperados “quando as coisas acalmarem”.As sequelas das doenças geralmente manifestam-se ao fim de semanas ou mesmo meses, explicou António Sarmento.No
caso da Covid-19, uma doença “nova e desconhecida” é “impossível, para
já, no mundo alguém dizer, seja na América, seja cá, com que sequelas as
pessoas vão ficar”, afirmou.“Não sabemos”, reconheceu António Sarmento, referindo que é “provável que fiquem com as sequelas duma pneumonia”.O
diretor do Serviço de Infecciologia ressalvou ainda que há “sequelas de
cuidados intensivos” que são “comuns a qualquer patologia que obrigue a
internamento em cuidados intensivos”, mas que depois são “reversíveis”.
Uma pessoa que esteve parada, sedada e
ligada a um ventilador pode ter “sequelas neuromusculares”, “sequelas
pulmonares” e podem ser “sequelas psiquiátricas ou psicológicas”, e, por
esses motivos pode sentir “atrofias musculares”, “cansaço brutal”,
“falta de forças”, “stress pós traumático”, que tem a ver com uma
sedação prolongada, descreveu.