Ana Avoila acusa Governo de querer desmantelar serviços do Estado
16 de jan. de 2020, 11:36
— Rosária Rato/Lusa/AO Online
Em
entrevista à agência Lusa, a coordenadora da Nacional dos Sindicatos da
Função Pública (FNSFP) considerou que a proposta de Orçamento do Estado
para 2020 (OE2020), que foi aprovada na generalidade no parlamento,
deixa clara a intenção de "consolidação do desmantelamento dos serviços
do Estado", prejudicando a população e desrespeitando a Constituição da
República, dado que grande parte das competências do Estado estão ali
definidas."O OE2020 vai mais longe e diz
que será transferida em 2029 uma quantidade de competências para as
autarquias locais, de forma imperativa, sem que tenha havido um processo
de regionalização", disse.Para a
sindicalista, a transferência de competências nas áreas da segurança,
saúde, cultura, educação e obras públicas põem em causa as funções
sociais do Estado, pondo em causa a Constituição da República e deixando
sem cobertura boa parte da população", acrescentou.
Ana Avoila criticou a política desenvolvida pelo ministro das
Finanças, Mário Centeno, e defendeu que o país tem que progredir."Não podemos viver assim, isto não é solução para um país que precisa de progredir e que tem condições para evoluir", disse.A
coordenadora da FNSFP e da Frente Comum de Sindicatos da Administração
Pública acusou o Governo de ter "uma opção clara, que é governar para o
grande capital, para o grande poder económico".Por isso, o balanço que faz da governação socialista relativamente à função pública, com ou sem 'gerigonça', não é positivo.Reconheceu
que os anos de governação com a 'geringonça' não foram iguais aos anos
de governação com a 'troika', dado que foram repostos os salários dos
funcionários públicos que tinham sido cortados, assim como o horário de
trabalho semanal de 35 horas, e foram descongeladas as carreiras, ainda
que de forma progressiva.Mas, segundo
considerou, as questões estruturais continuam por resolver, como a
elevada carga fiscal, carreiras desajustadas e salários sem atualização
há 10 anos."Este Governo não resolveu os
problemas existentes e piorou algumas coisas, como as carreiras
subsistentes, por isso não podemos fazer um balanço positivo da
governação socialista e não podemos esquecer que António Costa se juntou
à direita para piorar o Código do Trabalho", considerou.Ana
Avoila referiu ainda a persistência da precariedade laboral na
Administração Pública, apesar do Programa de Regularização de Vínculos,
que considera ter sido um processo "muito burocrático e complicado", com
muito casos ainda por resolver, à espera de homologação ou de abertura
de concurso.Segundo a sindicalista, a
precariedade já aumentou 12% após o início do Programa de Regularização,
com o Governo a dar "o pior exemplo ao setor privado" em termos de
contratação."É preciso discutir o futuro
da administração Pública e os seus problemas estruturais, mas o Governo
não o quer fazer", concluiu.