Amnistia Internacional alerta para tragédia em cidade síria
A Amnistia Internacional (AI) divulgou um vídeo que testemunha a realidade trágica da população síria de Daraya, sob assédio das forças do regime deste novembro de 2012 e palco de bombardeamentos contínuos com bombas de barril.

Autor: Lusa/AO online

 

Numa altura em que decorrem em Genebra conversações de paz entre o regime e a oposição sírios, a organização não-governamental, ao divulgar este vídeo, espera que as imagens despertem a comunidade internacional para a necessidade de “redobrar as suas exigências em relação ao governo sírio, de forma a garantir o acesso humanitário imediato a Daraya e a outras zonas que permanecem assediadas”, de acordo com um comunicado da AI, citado pela agência EFE.

O vídeo, gravado por civis entre 2014 e finais de fevereiro último, mostra várias cenas de violência e morte e a destruição provocada pelas bombas de barril (barris cheios de explosivos e estilhaços que se espalham e matam indiscriminadamente), “uma arma imprecisa por definição e que nunca deve ser utilizada perto de civis”, de acordo com a organização.

Desde o início das tréguas, no passado dia 27 de fevereiro, não caíram bombas de barril em Daraya, mas – denuncia a AI – a cidade continua a ser atacada com outras armas e milhares de civis continuam sem eletricidade e a sofrer de escassez grave de alimentos e cuidados médicos.

“É absolutamente indigno – ainda que não surpreendente – que o governo sírio continue a bombardear e a matar à fome a sua própria população civil”, afirma na mesma nota Magdalena Mughrabi, diretora adjunta do Programa Regional para o Médio Oriente e Norte de África da AI.

Para esta ativista dos direitos humanos, “é inaceitável que as Nações Unidas e outros atores internacionais influentes não estejam a fazer mais para resolver a situação crítica que se vive em Daraya e noutras localidades assediadas”.

De acordo com dados recolhidos pelo município de Daraya, entre janeiro de 2014 e a entrada em vigor do cessar das hostilidades foram lançadas sobre a cidade cerca de 6.800 bombas de barril – barris de petróleo, depósitos de gasolina ou botijas de gás, cheios de explosivos, combustível e estilhaços, lançados de helicópteros.

Pelo menos 42 civis, 17 dos quais crianças, morreram e 1.200 ficaram feridos em consequência destas armas.

Os habitantes que ainda permanecem em Daraya – entre 4 e 8 mil – estão já habituados a correr para os refúgios quando sentem a aproximação de helicópteros, e a sair para a rua quando sentem o seu afastamento, relata uma criança no vídeo divulgado pela AI.

“É difícil imaginar a magnitude e o sofrimento por que tem passado a população de Daraya e de outras zonas assediadas na Síria. Cada dia que passa sem que chegue ajuda humanitária significa a degradação da crise humanitária”, afirma Mughrabi.

Por isso, insiste a ativista, como marco das conversações de paz em Genebra é “absolutamente crucial que se dê caráter prioritário à abertura do acesso da ajuda humanitária a essas zonas”.