Autor: Lusa/AO Online
Numa carta enviada
ao ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, a
associação pede explicações sobre “a atualidade ferroviária e as
perspetivas da sua evolução”, tendo em vista “a grave situação de
colapso operacional em que se encontra de modo muito particular a CP”, e
“censura fortemente” o caos que se vive na rede ferroviária para o qual
contribuiu “décadas de desinvestimento”. A
APAC adianta, em comunicado, que pediu ao ministro para aceder ao
processo de aquisição de material circulante, nomeadamente tipologias a
adquirir e datas concretas para o seu lançamento, bem como inquiriu o
Governo sobre planos de contingência, como a reativação de material
circulante ou aluguer de mais unidades a Espanha. O
Ministério do Planeamento e Infraestruturas avançou hoje, em
comunicado, que “a CP e o Governo estão a preparar o lançamento de um
concurso internacional para aquisição de comboios que dote a empresa do
material circulante adequado ao compromisso que tem para com os
portugueses, assim como ao seu desenvolvimento nas várias frentes em que
opera: serviços suburbanos, regionais e longo curso”. O
lançamento desse concurso está previsto no Orçamento do Estado para
2018 e resulta de uma proposta apresentada pelo atual Conselho de
Administração da CP, cuja concretização tem vindo a ser desenvolvida em
coordenação com o Governo, adianta o comunicado. “Tendo
em conta a tramitação temporal normalmente associada a este tipo de
aquisições, a CP e o Governo entenderam manter o programa de aluguer de
material circulante a Espanha, de forma a suprir as necessidades de
curto no serviço regional”, sublinha o comunicado. Em
simultâneo, a CP está a “investir fortemente” na manutenção do material
circulante, através da reestruturação da Empresa de Manutenção de
Equipamento Ferroviário (EMEF), para a qual acaba de ser autorizado o
recrutamento de 102 trabalhadores, adianta o ministério. A
APAC alerta ainda na missiva para “a aceleração da erosão do sistema
ferroviário nos últimos anos, que atinge este ano níveis alarmantes” e
aponta “as principais falhas” existentes, como o “volume inédito de
supressões de comboios por falta de material circulante”, atingindo
todos os segmentos de tráfego e de “forma particularmente penalizadora”
as linhas do Oeste, Vouga, Alentejo e Algarve, pondo em causa a
continuidade do transporte ferroviário e a acessibilidade a esses
territórios. Na
vertente das infraestruturas, a associação manifestou preocupação pelo
“alarmante atraso” na execução do plano Ferrovias 2020 e pediu também
detalhes sobre os projetos para as linhas do Douro, Beira Alta, Algarve e
Sines, “onde importantes anúncios de investimentos têm sido feitos, mas
sem detalhar as intervenções a realizar nos respetivos traçados e de
que forma a renovação contribuirá de facto para reposicionar
competitivamente o modo ferroviário”.