Ambientalistas denunciam fuga de água radioativa em central espanhola
10 de set. de 2021, 17:14
— Lusa/AO online
Num
comunicado enviado à agência Lusa, o MIA refere que a informação da
ocorrência deste acidente nuclear partiu da plataforma Tanquem Cofrents,
que integra o movimento ibérico e que agrupa os principais grupos
ecologistas e organizações da sociedade civil valenciana.O
acidente registou-se na quinta-feira, com "uma fuga de água altamente
radioativa na turbina da central, no circuito primário do reator".O
Grupo Iberdrola, proprietário da central nuclear, através de uma nota
publicada na sua página da Internet, afirma que “este incidente não teve
impacto na segurança das instalações, pessoas ou meio ambiente”.“A
central nuclear de Cofrentes, seguindo os procedimentos estabelecidos,
comunicou ao Conselho de Segurança Nuclear que, às 10:17 [quinta-feira],
foi registado o encerramento automático do reator devido à atuação do
sistema de proteção do mesmo por sinal pontual baixo nível no vaso do
reator. Todos os sistemas de segurança da fábrica funcionaram
adequadamente de acordo com o projeto e a unidade está estável na
condição de operação três (parada quente)”, lê-se no documento.Segundo
a Iberdrola, o decréscimo específico do nível de água “deveu-se à
diminuição do caudal de água de alimentação, relacionada com as obras
programadas que estavam a ser executadas no sistema de tratamento de
água de condensado” e a equipa técnica da central nuclear “está a
realizar as tarefas de resolução da anomalia”.Já
o MIA refere que a fuga ocorreu "fora da contenção do reator, cuja
missão é justamente manter possíveis fugas de descargas radioativas
isoladas do exterior"."O
grupo [Fechem Cofrentes] continua a explicar que este vazamento não
parece ter sido detetado em primeira instância, mas apenas como
resultado da redução do nível de água no interior do reator, o que levou
à necessidade urgente de parar o reator".Adiantam
ainda que este acidente representou a primeira paralisação não
programada da central nuclear espanhola de Cofrentes desde a renovação
da licença de funcionamento em março deste ano.O MIA lamenta que se "evidencie a imprudência" que esta renovação por parte do Governo espanhol implicou.A central de Cofrentes, que já completou 37 anos de operação, muito além de sua vida projetada.À Lusa, José Janela do MIA, mostra-se preocupado com a renovação das licenças de funcionamento destas centrais nucleares."O
material está obsoleto e estar a prolongar o funcionamento destas
centrais nucleares, mesmo que haja alguns ajustes, é algo muito frágil.
Daqui amanhã isto pode acontecer noutra central como Almaraz, por
exemplo", afirmou.Segundo
os ambientalistas, a central de Cofrentes "está velha e deteriorada" o
que aliado à política de gestão "de maximizar a produção a todo o custo,
torna mais do que previsível que acidentes como este ou mais graves
sejam repetidos"."O
MIA tem insistido que esta central seja encerrada uma vez que põe em
perigo todos os cidadãos, e que se faça uma rápida transição para um
sistema baseado exclusivamente nas energias renováveis, que evite as
mudanças climáticas catastróficas e que o fará seja mais limpo, mais
seguro e mais barato", conclui.Alerta
ainda para o perigo de se prolongar também o funcionamento da central
nuclear de Almaraz, situada a 100 quilómetros da fronteira com Portugal e
junto ao rio Tejo.