Ambientalistas criticam poda ‘radical’ de plátanos
5 de dez. de 2022, 11:25
— Paulo Faustino
O Núcleo Regional dos Açores (NRA) da IRIS - Associação Nacional de
Ambiente critica as podas de plátanos levadas a cabo pela Câmara
Municipal da Ribeira Grande (CMRG) na Rua das Giestas, caminho que liga a
estrada da Ribeira Grande à freguesia do Pico da Pedra, configurando
uma intervenção que classifica de “absurda e gratuita”.“Quem passar
pela Rua das Giestas (...), pode ver, no local conhecido como Charco,
uma lamentável e injustificada poda ‘radical’ de plátanos (Platanus
acerifolia). Para além de desfigurarem as árvores, as podas da
responsabilidade da CMRG, que vem cometendo os mesmos erros ao longo dos
anos, levam à perda do seu valor patrimonial, em nada contribuem para a
manutenção da saúde das árvores e a médio e a longo prazo agravam os
custos envolvidos na sua manutenção”, pode ler-se num comunicado do
movimento ambientalista, assinado pelo coordenador Teófilo Braga.Segundo
explica o Núcleo Regional dos Açores da IRIS, o corte efetuado nos
troncos cria uma grande superfície exposta ao tempo que abre caminho ao
ataque de agentes biológicos agressivos que “aí iniciarão um processo de
decomposição da madeira que evoluirá em direção ao colo - nível do
tronco junto ao solo - e às raízes, como se poderá ver através de alguns
plátanos existentes no local no outro lado da estrada”.“A área de
madeira afetada diminui a resistência e estabilidade biomecânica das
árvores, tornando-as frágeis e inseguras, podendo no futuro ocorrer
acidentes com consequências graves para pessoas e bens”, alerta.O
NRA-IRIS afirma que o município está a ignorar a lei n.º59/2021, de 18
de agosto, que estabelece o Regime Jurídico de Gestão do Arvoredo
Urbano, mais precisamente a proibição prevista na alínea d) do artigo
24º de “colher, danificar ou mutilar qualquer árvore ou arbusto de porte
arbóreo, designadamente proceder a podas de talhadia de cabeça ou
rolagem”. A associação vinca que os plátanos em causa “dispõem de
espaço para desenvolver naturalmente a sua copa, não se verificando
constrangimentos de qualquer espécie”.