Ambientalistas congratulam-se com anulação de concurso para incineradora nos Açores
25 de out. de 2019, 16:45
— Lusa/AO Online
Em nota de
imprensa, o movimento, composto por várias associações ambientalistas,
refere que “apesar do esforço de mais de uma década no sentido de travar
o projeto de incineração de resíduos sólidos urbanos em São Miguel, foi
a divergência entre a empresa preterida no concurso público lançado
pela MUSAMI que bloqueou a construção desta unidade, amplamente
contestada pela população”.O Tribunal
Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada decidiu na quinta-feira anular a
adjudicação da construção de uma incineradora em São Miguel ao
consórcio Steinmuller Babcok Environment/CME, por parte da Musami -
Operações Municipais do Ambiente, EIM SA.“Reconhecemos
que estes dois anos, em que decorreu o processo judicial, foram
essenciais para atrasar e evitar o surgimento da incineradora. Durante
este período, promoveu-se uma reflexão mais profunda sobre os prós e
contras do projeto, reflexão esta que se difundiu por toda a população
da região”, considera o movimento.Compõem o
“Salvar a Ilha”, a Associação Ecológica Amigos dos Açores, a Associação
Regional para a Promoção e Desenvolvimento do Turismo, Ambiente,
Cultura, e Saúde (ARTAC), o núcleo de São Miguel da Associação Ecológica
Quercus e a Associação Sistema Terrestre Sustentável Zero.Os
ambientalistas referem que “aqueles que antes acreditavam que a
incineração seria a solução adequada, passaram a duvidar do projeto face
a todos os argumentos e dados que têm sido partilhados no âmbito da
contestação”.De acordo com os
ambientalistas, acresce que as diretivas europeias “apresentam metas
mais exigentes e a obrigação de agir de acordo com a estratégia para a
economia circular, cujos objetivos são bastante concretos, nomeadamente a
obrigação de, em 2023, se efetuar a recolha seletiva de orgânicos,
porta a porta, em todo o território nacional”.Para
o movimento, é “fundamental que o Governo dos Açores e a Assembleia
Legislativa da Região Autónoma dos Açores, enquanto entidades
reguladoras, cuja missão deverá ser a defesa dos interesses da região,
atuem no sentido de ‘blindar’ a construção de mais uma incineradora de
resíduos nos Açores”.As associações
ecológicas defendem a revisão do Plano Estratégico para a Prevenção e
Gestão de Resíduos dos Açores (PEPGRA) para garantir que as soluções de
gestão de resíduos a implementar em cada ilha “permitam o cumprimento
das novas metas e respondam aos desafios da estratégia europeia para a
economia circular”.O movimento quer que a
nova solução para a gestão de resíduos na ilha de São Miguel tenha uma
“participação alargada e atempada”, sendo “imperativo que a consulta e
participação pública decorra na fase de definição do projeto e não após
projetos já consolidados”.