Ambientalistas alertam que sobrelotação de resíduos nas Flores deve ser “levada a sério”
18 de mai. de 2023, 17:10
— Lusa
“As
autarquias das Flores e o Governo Regional têm de levar esse assunto a
sério porque é uma questão de salubridade pública. De repente, pode
acontecer, de um dia para o outro, a unidade deixar de receber resíduos.
E depois como é? Esta é uma possibilidade que está em aberto”, afirmou
Rui Berkemeier, em declarações à agência Lusa.O
dirigente da Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável, que
visitou o centro de processamento de resíduos da ilha das Flores,
alertou para a sobrelotação do espaço devido à acumulação de resíduos.“Tornou-se
uma quantidade anormal de resíduos porque o espaço é limitado. (…) A
gestão é extremamente complexa. Está mesmo à cunha”, afirmou.Rui
Berkemeier realçou que a unidade de tratamento da ilha “funcionava
muito bem” antes de outubro de 2019, mas a operação ficou condicionada
com a destruição do único porto comercial das Flores pelo furacão
Lorenzo.“O problema agora é que os
resíduos terão tido problemas de infestação e haverá um problema com os
transportadores para os levar”, revelou.Ressalvando
que a associação ainda está a “tentar perceber em detalhe” a situação, o
especialista em gestão de resíduos sugere uma “localização alternativa
para colocar temporariamente os resíduos rejeitados”, criando uma “zona
de depósito temporário”.“Enquanto tivermos
na mesma unidade de tratamento, que já está muito cheia, os resíduos
que estão a ser tratados, mais os que já foram tratados e aqueles que
foram rejeitados, é difícil fazer o que quer que seja”, assinala.Entretanto,
prossegue, os resíduos devem ser transportados para outra
infraestrutura, porque para o centro de processamento funcionar “não
pode existir aquele passivo de resíduos acumulados”.“Se
houver alguma infraestrutura que não estiver a ser utilizada, como um
armazém ou um outro local, devem ser colocados lá os resíduos que estão a
atrapalhar o processo de tratamento de resíduos da unidade de
tratamento mecânico e biológico”, explicou.Berkemeier
defendeu que as “autoridades oficiais têm de resolver o problema”,
enaltecendo o trabalho realizado pelo centro de processamento de
resíduos, que considerou “admirável” por ser feito em “condições muito
difíceis”.“O importante é encontrar uma
localização temporária nas Flores para a colocação desses resíduos e
criar condições para que a unidade entre em funcionamento normal”,
salientou.A 04 de maio, o BE/Açores
denunciou a "situação caótica" de "acumulação" de resíduos sólidos
urbanos (RSU), no centro de processamento das Flores, devido aos
condicionamentos na operacionalidade dos navios que realizam o
escoamento regular.Ao que foi possível
apurar, e de acordo com o BE, é preciso escoar "cerca de 1.700 toneladas
(105 contentores) de RSU" e "desde 10 de fevereiro que não é expedido
qualquer refugo" e estão "180 fardos (15 contentores) prontos a
embarcar, assim como 250 toneladas (25 contentores) de resíduos em
espera para sair da ilha".